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Festa azedada pelo “sumo da laranja”

Dois anos de Governo PSD-PP assinalados na Guarda com críticas de Ana Manso à oposição interna

As comemorações do segundo aniversário da vitória da coligação PSD/PP nas últimas legislativas foram pautadas na Guarda pelas críticas de Ana Manso à esquerda e à direita. A líder da distrital atacou a oposição e chamou à pedra os seus adversários no interior PSD da Guarda, acusados de serem «laranjas sem sumo» por preferirem a «intriga ao trabalho». A sessão, realizada no domingo, ficou ainda marcada pelo optimismo do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, José Arantes, que garantiu aos cerca de duzentos militantes presentes que «o pior já passou».

Todos os oradores, entre os quais o delegado distrital da Guarda do CDS-PP, João Caramelo, foram unânimes no apurar do «saldo positivo» destes dois anos de governação à direita e transmitiram «confiança» num futuro optimista. Apesar das dificuldades vividas com a contenção imposta pela crise económica, os dirigentes distritais dos partidos de coligação acreditam que os sinais de retoma estão aí e que 2005 será «um ano de visibilidade das reformas feitas até ao momento», como augurou José Arantes. Isso mesmo espera João Caramelo, dirigente do CDS-PP, para quem os últimos anos têm sido de luta contra «ventos e marés», a que o Governo respondeu «fazendo o melhor», pois é «resistente e governa bem». É que, para Ana Manso, o Executivo de Durão Barroso herdou uma «situação difícil» há dois anos atrás, admitindo que «pior do que isso» só mesmo a realidade do interior do país e designadamente da Guarda, «vítima de um certo estigma de interioridade», acusou a também deputada.

Contudo, a líder da distrital considera que a Guarda tem continuado em segundo plano nos investimentos públicos do Governo, pelo que o secretário de Estado Adjunto levou alguns recados para Lisboa. «Os recursos públicos têm sido pouco generosos com esta região», começou por dizer, exigindo de seguida que sejam garantidos «mais serviços públicos» no interior, já que a maioria dos dinheiros públicos e das infraestruturas «correm para o litoral». Até lá, Ana Manso pede «mais tempo e mais explicações». Dos vários recados deixados no ar, destaque também para a «dúvida» das portagens na A25; o pedido de reforço de verbas no próximo PIDDAC para a Guarda; o novo hospital, que não avança por causa da «injustificável birra da cedência do terreno»; o Museu do Côa que se desenvolve lentamente; ou a conclusão da A23 a Norte, que «nem ata nem desata», afirma. Por isso, a presidente do PSD guardense reclama mais investimento público na região, pois acredita que as «simples migalhas» do Orçamento de Estado fazem «verdadeiros milagres» na região. Apesar da efeméride, a sua intervenção ficou ainda marcada pelas críticas à oposição interna, nomeadamente «alguns companheiros que, na ânsia de protagonismo, mais parecem laranjas sem sumo, porque, sistematicamente, preferem a intriga ao trabalho».

Talvez por isso, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro tenha apelado à união da família social-democrata e desafiou o partido a conquistar a Câmara da Guarda: «Temos de estar sobretudo unidos nesse combate, sem divisões», referiu José Arantes, para quem é possível ultrapassar «pequenas diferenças que, perante um grande objectivo, significam muito pouco». A nível nacional, o governante considerou o controlo do défice orçamental como um dos «trunfos» do actual Governo que, segundo Arantes, está agora um «momento de viragem», pois todos os especialistas «são unânimes em afirmar que o pior já passou e que agora todos vamos beneficiar da retoma». De resto, 2006 será mesmo um ano de «partilha da riqueza» gerada pela «folga conquistada em termos financeiros», garantiu o secretário de Estado. Quantos aos pedidos de Ana Mano, José Arantes sublinhou que o Governo está a avaliar «imensos projectos» em toda a região, até porque o «desenvolvimento harmonioso» do país é uma prioridade. No caso da Guarda trata-se da ligação a Norte do IP2 ou do novo hospital da cidade, sem esquecer os melhoramentos do hospital de Seia.

Patrícia Correia

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