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Fernando Negrão participou na festa dos mil avós

Na sua primeira cerimónia pública, o novo ministro reconheceu insuficiência de pensões de idosos

O Dia Nacional dos Avós foi comemorado no distrito com um almoço-convívio para mais de um milhar de idosos em Escalhão, freguesia de Figueira Castelo Rodrigo, uma festa que contou com a presença do novo ministro da Segurança Social, da Família e da Criança. Naquela que foi a sua primeira cerimónia pública depois da tomada de posse, Fernando Negrão fez questão de salientar que «todos os avós devem ser tratados com a maior dignidade do mundo». No entanto, o governante reconheceu que as pensões para idosos são insuficientes, sendo por isso necessário «tirar àqueles que não precisam para poder dar mais àqueles que precisam».

O sucessor de Bagão Félix ficou visivelmente agradado por passar o dia «com cerca de mil avós, aos quais devemos muito respeito» e considerou que o ministério «não pode andar aos solavancos, sob pena da política perder coerência», antes de prometer dar continuidade às reformas criadas pelo seu antecessor. Nesse sentido, a sua prioridade passa pelo reforço das políticas e das medidas na área da família e das crianças: «Temos que ter famílias mais sólidas, incorporando fundamentos das sociedades modernas», disse Fernando Negrão, designadamente, a igualdade entre o homem e a mulher e o respeito pelas crianças. Isto sem esquecer os avós, «uma parte estruturante da família», sublinhou o novo ministro, para quem «é preciso recuperá-los enquanto elementos fundamentais dessa estrutura». O titular da pasta da Segurança Social e da Família referiu ainda que as questões sociais estão relacionadas com o desenvolvimento do país e com as questões económicas, tendo preconizado «a criação de mais riqueza», pelo que é «fundamental fazer-se este trabalho através da Segurança Social». Por seu turno, Ana Manso, “madrinha” do Dia Nacional dos Avós, referiu ser esta «uma oportunidade de reafirmar a importância da família e de reclamar mais justiça e protecção social».

A deputada social-democrata chamou a atenção do ministro para o facto do distrito da Guarda ser o segundo mais envelhecido do país, facto que «exige uma atenção especial» da parte da tutela, nomeadamente na conclusão da rede de Centros de Dia e na criação, em simultâneo, de uma outra de Centros de Noite. Já o director do Centro Regional de Segurança e Solidariedade Social, Couto Paula, aproveitou a presença do ministro para partilhar a importância das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) no apoio aos idosos. «As 250 IPSS’s do distrito precisam de mais para responder a todas as solicitações», reclamou, não sem antes reconhecer que a quota da acção social tem crescido na despesa pública. «Neste momento as IPSS do distrito custam cerca de 32 milhões de euros por ano», revelou Couto Paula, que não se coibiu de pedir mais apoios, pois o distrito está envelhecido: «É preciso rejuvenescer esta população, competindo-nos olhar forçosamente de outra forma para os ATL‘s, as creches e outras valências da juventude», salientou o responsável. O programa da visita levou ainda Fernando Negrão até ao Soito (Sabugal) para a inauguração de um lar de idosos.

Mil avós em Figueira

Tratou-se de um dia de solidariedade que desta vez foi comemorado em Figueira de Castelo Rodrigo com a ajuda de todas as instituições de solidariedade social do concelho, recordou Armando Pinto Lopes, autarca local: «Desafiei as doze instituições do concelho a participarem, combinámos preços para o fornecimento da refeição e deitámos “mãos à obra”. Toda esta festa deve-se à participação de cerca de 70 voluntários», enalteceu. O mega-almoço foi confeccionado em parte pela autarquia e pelas associações, tendo envolvido 60 quilos de arroz, 20 de mariscada e 30 de carne de vitela. Na sua opinião, foi este «espírito de solidariedade» que permitiu oferecer o almoço a mais de mil convidados vindos de todo o distrito, acrescentando ainda que «a verba gasta fica no concelho e será entregue a instituições que merecem o nosso carinho». Para Aurora Moutinho, de 79 anos e natural do concelho de Pinhel, este «é um dia muito especial», pois os seus 28 netos e 25 bisnetos são «a sua razão de viver». Mas esta “super avó” ainda quer mais e garante que «ainda vêm mais a caminho», graceja. Já Antónia da Silva, com 89 anos, faz todos os dias “crochet” para deixar recordações aos netos e bisnetos. Com 17 netos e oito bisnetos, esta avó de Vila Nova de Foz Côa confessa ter já feito «algumas colchas para os que ainda não nasceram».

Patrícia Correia

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