Apesar de ter perdido na Póvoa de Varzim, o Sporting da Covilhã alcançou um feito inédito na sua longa história. Pela primeira vez, os “leões da serra” asseguraram em duas épocas consecutivas a manutenção na Liga de Honra. Contudo, os serranos, que contaram com o apoio de cerca de duas centenas de adeptos, bem podem agradecer a permanência ao Fátima, que foi ganhar a casa do Desportivo de Chaves e ditou a sua despromoção à IIª Divisão.
A precisar de vencer para se manter, a equipa da casa entrou de forma decidida na partida e chegou ao golo logo aos quatro minutos. No segundo canto de que dispôs, o Varzim inaugurou o marcador com um tento “fabricado” pela dupla de centrais, pois Pedro Santos empurrou para a baliza após Neto ter desviado de cabeça ao primeiro poste. A muita chuva tornou o relvado bastante pesado, o que dificultou a acção dos jogadores. Com Zézinho novamente a jogar como ponta-de-lança, o Covilhã não conseguiu sacudir a pressão dos locais, que voltaram a criar perigo aos 27’, num livre de Mendes que saiu por cima da trave. No minuto seguinte, o Varzim quase marcou, mas Nelsinho não soube aproveitar uma falha de marcação e atirou por cima. A primeira vez que a formação de Nicolau Vaqueiro importunou o guardião contrário foi aos 29’, quando Basílio cabeceou à figura, na sequência de um livre. Pouco depois, assistiu-se a um momento curioso com os adeptos dos dois clubes a festejarem o golo do Fátima em Chaves.
O Varzim continuou a pressionar e, aos 33’, o irrequieto Mendes fez a bola passar rente ao poste esquerdo. Até ao intervalo, o Covilhã tentou reagir, mas em vão. Na segunda metade, a toada não se alterou e os nortenhos continuaram a comandar as operações, tendo quase marcado o segundo golo aos 47’. Novo canto e Dani, em cima da linha, a evitar que a bola cabeceada por Nelsinho entrasse na baliza. Aos 75’, Bruno Moreira surgiu com espaço a cabecear por cima e, aos 79’, Luca beneficiou de uma perda de bola de Sufrim para rematar forte, mas sem direcção. Aos 80’, o treinador do Covilhã fez entrar Hammes para a frente de ataque e a aposta quase surtiu efeito. Alberto fugiu pela direita e cruzou para a área onde o central quase marcou com a canela. O Covilhã empolgou-se com este lance e, aos 85’, o veterano Auri ainda fez os adeptos serranos gritarem golo quando cabeceou por cima, com a bola a embater nas redes da baliza do Varzim, mas pela parte de fora.
Após o apito final de João Ferreira, que realizou uma exibição positiva, os covilhanenses tiveram que aguardar alguns minutos pelo término da partida de Chaves para comemorarem a manutenção. Enquanto uns festejavam, Jorge Monteiro e António Costa, adjunto de Nicolau Vaqueiro, envolveram-se numa troca de palavras que só não terá chegado a vias de facto graças à pronta intervenção de outros jogadores. No final da partida, o treinador do Covilhã era um homem feliz por o objectivo ter sido alcançado com «alguma dificuldade e felicidade também», reconheceu, considerando que «a massa associativa, a cidade e, essencialmente, o seu presidente» merecem a manutenção. Também José Mendes realçou o feito inédito alcançado pelo clube, que está prestes a comemorar 97 anos de existência: «O Sporting da Covilhã acaba de fazer história. Eu, presidente, acabo de fazer história, contra tudo e contra todos», repetiu, sem querer especificar a quem se dirigia.
Ricardo Cordeiro