Durante 365 dias por ano, 24 horas por dia, os bombeiros estão à disposição das populações, mas é na época de verão, devido aos incêndios, que os pedidos de socorro aos voluntários aumentam e se tornam, pelo piores motivos, mais visíveis.
A ação dos Bombeiros Voluntários da Guarda cobre 84 por cento do concelho. O presidente da Associação Humanitária reconhece que «esta é uma fase mais relevante, embora estejamos ao serviço da população todos os dias». É nesta altura que as maiores dificuldades das corporações saltam à vista, «estamos constantemente a batalhar-nos por mais financiamento», adianta Luís Borges. No passado houve algumas divergências com a autarquia, devido ao corte de financiamento, mas sobre isso o responsável prefere «não falar. Está resolvido e ficou lá atrás», mas, na sua opinião, o caso veio mostrar que «o erro está na legislação. As corporações não podem estar dependentes das Câmaras Municipais, deveria ser a legislação a definir o financiamento». Além disso, «as verbas deveriam ser distribuídas de acordo com as exigências de cada corporação», defende o dirigente.
Embora se trate de um corpo de bombeiros voluntários «existem custos muito elevados», nomeadamente na compra e manutenção de equipamentos e do quartel. Atualmente, a associação vive uma situação económica «não muito folgada», pois todas as verbas recebidas «são aplicadas em despesas que temos diariamente». A falta de equipamento adequado, como a protecção individual contra incêndios, «que no final da época ficam degradados», é uma das necessidades mais prementes da corporação guardense, que aguarda também pelo fincamento europeu para aquisição de uma viatura de combate a incêndios. O comandante Paulo Sequeira sublinha que «os nossos meios operacionais necessitam de um reforço no que respeita a veículos de combate a incêndios florestais ligeiros, de abastecimento de água e de comando».
Também os Voluntários de Gonçalo partilham das mesmas dificuldades, sobretudo a falta de equipamentos contra incêndios. Embora a situação financeira «seja estável, sem grande dívida», a corporação vive outro problema: «Necessitamos de ampliar a garagem do quartel, que não tem capacidade para albergar os nossos carros», revela o presidente da Associação Humanitária. Embora o edifício seja recente, «foi mal dimensionado», lamenta Pedro Pires. As alterações necessárias implicam um investimento de 150 mil euros e «não temos garantias de apoio, uma vez que o quartel tem poucos anos». Da Câmara Municipal já chegou a garantia de apoio, «mas é o Estado que está a falhar porque não apresenta uma solução», lamenta o responsável. «Ou investimos em equipamento ou no quartel, temos que tirar de um lado para colocar no outro porque apoio para a compra de equipamento de proteção individual não chega há alguns anos, pois é extremamente caro e devia ser uma obrigação do Estado», considera.
Escola de Infantis e Cadetes
Os bombeiros de Gonçalo têm em mãos a “Escola de Infantis e Cadetes”. Trata-se de um projeto que visa sensibilizar e integrar as crianças e os jovens, entre o 6 e os 16 anos, no mundo do voluntariado nos Bombeiros, tendo como objetivo «a formação de uma boa “escolinha” que possa constituir-se como espaço de recrutamento para os bombeiros de amanhã, aqueles que serão o futuro dos Bombeiros Voluntários de Gonçalo», revelou Pedro Pires.
As primeiras atividades foram dinamizadas no passado dia 2 de junho, por ocasião das comemorações do Dia Mundial da Criança. Esse dia foi integralmente passado no Quartel pelos alunos do Centro Escolar de Gonçalo. Entretanto, as inscrições continuam abertas e estão a ser preparados os planos de formação dos primeiros grupos. O INTERIOR tentou contactar os responsáveis dos bombeiros de Famalicão da Serra (Guarda) e da Covilhã, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.
Ana Eugénia Inácio