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«Falta uma cultura empresarial forte»

Cara a Cara – Entrevista

Perfil:

– João Carvalho

– Director do CIEBI

– Naturalidade: Alcaria

– Idade: 47 anos

– Profissão: Economista

– Currículo: Economista (FEUP), Mestre em Gestão (UBI); Doutorando em Economia (Univ. Évora); Gestor e Liquidatário Judicial; Perito Tributário Independente

– Hobbies: Natação, leitura e convívio com os amigos

P – O principal objectivo do Centro de Inovação Empresarial da Beira Interior (CIEBI) é atrair empresas inovadoras para a região. Que balanço faz deste trabalho?

R – É muito positivo. Considerando a inovação como uma oportunidade económica e social inexistente a nível local e regional, a actividade do CIEBI tem contribuído para a modernização e dinamização do tecido empresarial local e regional, não só pelo estímulo do espírito empreendedor, mas também na gestão, liderança e parceria em projectos transnacionais que muito têm contribuído para projectar a região a nível nacional e internacional. Os projectos Arqueotex, Technofocus, Tec+, Inobeira e SOHO, entre outros, são disso exemplo.

P-No entanto, os jovens licenciados continuam a não se fixar na região. O que falha?

R – Falha a criação e desenvolvimento de um sistema regional de inovação. Além de um sistema científico-tecnológico, este deve ser constituído por infraestruturas físicas, tais como incubadoras de empresas, e um sistema financeiro de suporte moderno e adequado ao novo perfil dos jovens licenciados. Refiro-me, por exemplo, a um novo conceito de capital de risco, como o “Seed-Capital” (capital semente) e Start-Up-Capital (capital de arranque), entre outros. Falta uma cultura empresarial forte.

P – Há pouca aposta dos empresários da região nos “spin-off’s” académicos?

R-Isso está relacionado com a existência de uma fraca cultura empresarial. O sucesso da região depende muito disso.

P – Como está o projecto Inobeira?

R – O projecto Inobeira está concluído e foi um sucesso, com algumas empresas e jovens licenciados a fixarem-se na região. Os três primeiros melhores projectos seleccionados irão estar presentes em Bruxelas, no próximo dia 28 de Novembro, no evento Eurowards, ficando logo candidatos ao prémio europeu para empreendedores numa “população” de 30 países.

P – Há uns meses atrás, o CIEBI conseguiu canalizar para o Fundão uma empresa espanhola ligada à cosmética – a Dieterina. Como está o desenvolvimento desse projecto?

R – Estamos a tentar ultrapassar os chamados “custos de contexto”, ou seja, a burocracia de que os investidores frequentemente se queixam, sob pena deste projecto poder vir a instalar-se na Hungria ou Polónia, países interessados em fixarem esta tecnologia de ponta a nível mundial.

P – Que papel terá o CIEBI no Parkurbis?

R – No livro que publiquei – “Cultura Empresarial e Criação de Empresas”, em 1999 – refiro a importância dos tecnopólos para o desenvolvimento local e regional, onde se incluem entre outros, um Parque de Ciência e Tecnologia de dimensão regional e outro tipo de infraestruturas como incubadoras de empresas e sociedades financeiras, com base em experiências de sucesso noutros países europeus e EUA. O CIEBI poderá ter um contributo importante para a projecção, visibilidade e sucesso do Parkurbis, com base na sua experiência e projecção nacional e internacional. Dentro da rede europeia de 150 BIC (Business Innovation Centre), da qual o CIEBI é parte integrante, é vulgar nos parques de ciência e tecnologia, como o Taguspark (Portugal), o de Namur (Bélgica) e de Valladolid (Espanha), entre outros, coexistirem, dentro da filosofia de tecnopólo, os BIC, que constituem um importante “pivot”, na base de uma parceria activa e sinérgica com os PCT.

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