A programação da Casa da Cultura de Famalicão está suspensa por falta de dinheiro. A decisão foi tomada pela Junta de Freguesia, que gere o equipamento cultural inaugurado em 2009, após a Câmara não ter cumprido um protocolo segundo o qual apoiaria com 36 mil euros anuais as actividades ali desenvolvidas. Curiosamente, o Orçamento para 2011 contempla uma verba inferior, 30,5 mil euros, para o mesmo fim.
«Nós já não temos dinheiro para o fazer, nem vimos o que foi anunciado em Maio de 2010 e aprovado em reunião de Câmara. Até agora foi sempre a Junta que teve que arranjar verbas para pagar os espectáculos programados desde que a Casa da Cultura foi inaugurada», confirmou António Fontes, acrescentando que «muita coisa ficou por fazer na freguesia por causa disso. Vivemos um ano muito complicado». O autarca revela inclusive que foi necessário recorrer a um empréstimo, pois «os artistas são pagos na hora e não esperam que cheguem os apoios prometidos pela Câmara». A decisão já é do conhecimento do vereador da Cultura, Virgílio Bento, e do presidente do município desde meados de Novembro, mas o ofício enviado continua sem resposta, pelo que o presidente da Junta não teve outra alternativa que não fosse fechar as portas do equipamento. «Vamos continuar à espera que a Câmara proponha uma solução, pois o futuro da Casa da Cultura de Famalicão depende exclusivamente da autarquia», sublinhou.
António Fontes avisa que a actividade só vai regressar quando a Câmara se comprometer com «um calendário de financiamento concreto, de forma a que não se repitam os problemas destes primeiros anos de funcionamento. Mas estamos abertos a outras soluções, desde que razoáveis e concretizáveis». Para o autarca, «se a Câmara não tem dinheiro para este projecto que o assuma a Junta, porque nós já não alinhamos mais em falsas promessas». Por isso, diz-se «revoltado» com o que se está a passar e acrescenta que é «uma grande mágoa» ver a Casa da Cultura chegar a esta situação. «A culpa é dos responsáveis autárquicos, pois toda a gente sabe que tínhamos uma programação regular, de qualidade, e não esporádica», critica. A Casa da Cultura de Famalicão surgiu após o Centro Cultural de Gonçalo, mas apostou numa programação sistemática aos fins-de-semana direccionada para a comunidade local e freguesias envolventes.
Com um auditório de 200 lugares e um palco ao mais alto nível – cuja orientação estrutural e técnica teve a mão de Orlando Worm, um dos maiores especialistas da área em Portugal, o equipamento custou cerca de 300 mil euros. O INTERIOR tentou, sem sucesso, obter um comentário de Virgílio Bento sobre este assunto.
Luis Martins
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