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«Falta a aposta em projectos inovadores para travar a desertificação»

Cara a Cara – Entrevista

Perfil:

– Mário Raposo

– Vice-reitor da UBI

– Naturalidade: Tortosendo (Covilhã)

– Idade: 44 anos

– Profissão: Professor universitário

– Currículo: Professor catedrático do Departamento de Gestão e Economia, presidente da direcção do CyberCentro, ex-presidente da direcção do CIEBI, director do Centro de Recursos de Ensino e Aprendizagem (CREA) da UBI, director do Centro de Estudos de Desenvolvimento Regional da UBI, director do Mestrado em Gestão, director da licenciatura em Marketing

– Hobbies: Leitura, ver filmes e praticar desporto, principalmente os de Inverno

P-A comemorar 133 anos, acha que a Covilhã está desenvolvida?

R- Sem dúvida. Passei toda a minha vida nesta cidade e tem-se assistido a uma grande evolução, particularmente nos últimos anos, onde se nota uma grande transformação. A Covilhã surge como uma grande “urbe” no interior do país, com grande potencial de desenvolvimento e está de facto nessa senda. Todos os covilhanenses têm contribuído bastante para isso.

P-O que falta ainda?

R- O presidente da Câmara transmitiu [no Dia da Cidade] a ideia de descentralização e da necessidade do poder político central ter que olhar para as cidades do interior e apoiá-las nos seus projectos. De qualquer maneira, isto é um caminho paulatino que se vem desenvolvendo ao longo dos últimos anos com a força desta terra. Só assim se tem conseguido levar a bom termo o projecto de tornar a Covilhã numa grande cidade, que já é e vai continuar a ser com a dupla vertente de cidade industrial e universitária.

P- O grande desenvolvimento da cidade deve-se à Universidade da Beira Interior?

R- Não se deve à UBI, mas a todos os que colaboraram no projecto da UBI e fazem parte da universidade. Tudo isto dá à universidade o importante papel que ela tem tido no desenvolvimento da região e que irá continuar a ter no futuro.

P-Mas é de reconhecer que se deve à UBI uma boa parte desse desenvolvimento, pelo menos como “cidade moderna”?

R- A UBI trouxe consigo pessoas de outras zonas do país e investimento público – que injectou na cidade bastante dinheiro e ajudou ao desenvolvimento – , mas trouxe acima de tudo recursos humanos, “massa cinzenta” com ideias novas e capacidade de gerar projectos que têm contribuído para o desenvolvimento da Covilhã.

P-Há quem diga que sem a UBI, a Covilhã seria uma “aldeia”. Concorda com esta afirmação?

R- É um pouco abusiva na medida em que, durante muitos anos, a Covilhã foi uma das principais cidades do país sem a universidade. Agora, não tenhamos dúvidas que a UBI ajudou a suplantar os problemas da mono-indústria.

P-No entanto, um dos grandes problemas é fixar os jovens licenciados na região…

R-Sim, esse é um dos grandes problemas. Daí que a UBI, em conjunto com a Câmara da Covilhã, se tenha envolvido em projectos estruturantes, como o ParkUrbis, com o objectivo de criar áreas onde os jovens universitários e investigadores possam gerar as suas próprias empresas e fixarem-se na zona. Penso que estamos a cumprir o nosso papel.

P-A Covilhã poderá ser uma cidade de futuro?

R-Obviamente que é uma cidade de futuro e a comprová-lo está o papel que tem tido nos últimos anos na fixação de pessoas no interior do país e na contribuição para o desenvolvimento desta região. A universidade, a Covilhã e todas as instituições, em colaboração com os municípios em redor, formarão aquela urbe com massa crítica necessária para tornar esta zona numa metrópole do interior do país.

P-Prevê-se que em 2015 metade da população portuguesa esteja fixada em Lisboa. O que é preciso fazer para travar a desertificação no interior do país?

R-Falta a aposta em projectos inovadores, que tragam desenvolvimento, actividade económica que gere emprego e outras actividades culturais, sociais, bem como a melhoria da saúde. A Faculdade de Medicina é um aspecto importante para contrariar essa tendência e fazer com que esta região possa ser uma excepção e se constitua como uma ilha de desenvolvimento do interior do país.

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