Perdoem-me os púdicos mas quero falar de sexo.
Quero afirmar a vida como um esgar de prazer.
Viver é torcer as parvoíces, é adormecer na memória
Os estouvados, os sem topete, os malévolos.
A vida é um combate corpo a corpo com a fronteira
Do bem com o mal, do certo e do errado.
A minha vida é um cigarro aceso
Que não quer chegar ao fim.
Ah indomáveis selvagens que me atormentam
Que me estafam. “Garrafas azuis” a queimar
Os membros do meu desejo,
A importunar os abraços que quero dar,
Os gritos alegres e as danças desnudas
Que me sonhei fazer na varanda.
Eu sem pudor vos digo que vida vivida é sexo
No sentido em que prazer é e está em cada escolha.
Escolher um caminho e uma aventura.
Depois enfrentamos os bandidos que nos impedem,
Os asnos e os cretinos que nos amputam
E viver feliz é viver apesar disso.
O cigarro aceso espera nos dedos o final.
Quero viver cada hora que passa num sorriso
Apesar da ignorância minha e doutros,
Apesar das posses limitadas, do pouco,
Do limite que somos uns e outros no mesmo espaço.
Quero sair se não sou desejado. Quero despojar-me,
Despir-me da náusea e do ódio que alguns me causam.
Perdoem-me mas a vida é penetrada
E por isso, para ser intensa, é sexo.
A vida de muitos é Foda como canta Caetano Veloso.
Por essa razão vida má é outra coisa!
Eu despojado do rancor e da descrença
Posso viver feliz. Mas também encontrei na luta
Alguma fantasia. Viver é conquistar e tomar posse.
Posse de ninguém. Posse de ideias, de sonhos.
Vida penetrada, comida, vivida, é sexo.
Receber do trabalho a benesse que permite comer,
Educar, ler, cultivar, adquirir.
O cigarro arde contente, cintila como o pavio,
Mas este não explode, apagar-se-á.
Não ter o que se gosta é sofrimento
E o mistério é desejar menos mas que seja suficiente.
Há entre o nada e o prazer uma dose perfeita
Para ser feliz. Quero penetrar a vida com sensações,
Objetos e gestos. Quero a vida a arder cintilando
Nos dias com prazer nem sempre dominado.
Por: Diogo Cabrita