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Fábrica de “Álvaro Paulo Rato” entra em falência

52 trabalhadores no desemprego por não aceitarem as propostas do único potencial comprador, a firma “Amândio Saraiva”

A fábrica de lanifícios “Álvaro Paulo Rato”, situada na zona do Sineiro, na Covilhã, fechou as portas na última semana, deixando 52 trabalhadores no desemprego. Apesar de estar inserida no Processo Especial de Recuperação de Empresas desde Dezembro de 2003, o entendimento entre o principal interessado na compra, a firma “Amândio Saraiva”, também da Covilhã, e os trabalhadores não correu da melhor forma, pelo que o gestor judicial, Vítor Simões, acabou por decretar a falência.

As dificuldades financeiras da “Paulo Rato” já eram sentidas há cerca de cinco anos, como conta a “O Interior” um dos funcionários mais antigos e responsável técnico da empresa, que pediu o anonimato. Nessa altura, os herdeiros solicitaram apoio para a recuperação da fábrica, tendo o tribunal nomeado um gestor para acompanhar o processo. Surgiu então um interessado que, por sinal, «era o nosso maior cliente», acrescenta a mesma fonte, cuja proposta foi aprovada, embora implicasse a redução do pessoal. Dos 57 funcionários iniciais, Vítor Simões dispensou logo dois que trabalhavam nos escritórios, «por considerar que não faziam falta», e os outros três acabaram por pedir a suspensão do contrato com base nos salários em atraso. A proposta da “Amândio Saraiva” implicava que a empresa continuasse a laborar apenas com «vinte e poucos trabalhadores», mas «havia trabalho e pelo menos 30 ou 40 deveriam ficar», adianta aquele funcionário com 36 anos de casa. Contudo, as condições não foram aceites e os trabalhadores deixaram que o processo se arrastasse até à expiração da data apontada pelo tribunal.

No passado dia 5 entraram em greve pela falta de pagamento do mês de Junho. «Era o único mês em atraso», refere aquele operário. Mas depois foi a vez da EDP cortar a electricidade e, finalmente, surgiu o pedido de falência. Os trabalhadores já estão a tratar do processo de desemprego, «embora não saibamos se haverá outros interessados ou não», adianta. A mesma fonte lamenta a situação, referindo que serão principalmente os pequenos fabricantes da Covilhã quem vai «perder muito» com o encerramento da “Álvaro Paulo Rato”, uma grande prestadora de serviços que laborava na ultimação e tinturaria. «Foi pena não chegarem a acordo», lastima, referindo que poderia ter-se constituído uma empresa vertical devido à «complementaridade» existente entre os dois principais sectores da fábrica. Para o presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB), a empresa tinha «toda a viabilidade», mas o potencial comprador «não assumiu de imediato a compra e a situação foi-se agravando». Luís Garra culpa sobretudo a burocracia, bem como «a demora» do Governo, do IAPMEI e das restantes entidades em tomar medidas.

Rita Lopes

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