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Exposição sobre “Carolina Beatriz Ângelo prolongada até ao fim do ano

Museu da Guarda explica decisão com o enorme interesse do público

A exposição “Carolina Beatriz Ângelo – Intersecções dos sentidos – palavras actos e imagens”, tem tido grande êxito e suscitado um enorme interesse junto do público. Deste modo, o Museu da Guarda prolongou o período da sua apresentação até 31 de Dezembro.

Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911) revelou-se uma das figuras mais emblemáticas do feminismo e do republicanismo da primeira década do século XX, sabendo combinar a medicina com a militância associativa, política e maçónica assente na afirmação incessante de direitos para as mulheres. Formou-se em Medicina em 1902 e foi a primeira cirurgiã a operar no nosso país, mais concretamente no Hospital de São José, em Lisboa. Conspirou, em 1910, pela República, bordando, com a colega, amiga e companheira Adelaide Cabete, as bandeiras hasteadas durante o 5 de Outubro. Já na República transformou-se numa batalhadora pelo sufrágio feminino, mesmo que abrangendo uma minoria. Em 1911 tornou-se na primeira mulher a votar em Portugal graças a um “buraco” na Lei Eleitoral vigente, que não vedava explicitamente o voto às mulheres.

É que a primeira legislação da República Portuguesa reconhecia o direito de votar aos «cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família». Logo, Carolina Beatriz Ângelo socorreu-se deste plural masculino – que, gramaticalmente, designa o masculino e o feminino – para se recensear, invocando ainda o facto de ser viúva e chefe de família. A comissão negou a pretensão, mas os tribunais concederam-lhe o direito de se inscrever e a eleitora nº 2.513 acabou por votar a 28 de Maio de 1911 em Lisboa. Contudo, a fama foi de pouca dura, pois Carolina Beatriz Ângelo faleceu cinco meses depois, com apenas 33 anos. João Esteves é o comissário científico desta exposição, cujo trabalho de investigação é de Isabel Lousada e Dulce Helena Pires Borges, directora do Museu da Guarda.

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