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Executivo da Covilhã em guerra aberta

Cinco vereadores do PS e PSD não compareceram na última reunião do executivo, alegando que vários assuntos da ordem de trabalhos tinham um caráter eleitoralista. Carlos Pinto acusa-os de «boicote» e vai agendar reuniões extraordinárias todos os dias até que haja quórum.

O executivo da Câmara da Covilhã está a terminar o mandato em guerra aberta. Na semana passada, cinco vereadores, três do PS e dois do PSD, não compareceram à reunião de Câmara e esta teve que ser adiada por falta de quórum. Na segunda-feira, Carlos Pinto acusou os eleitos de «boicote» e anunciou que vai convocar reuniões extraordinárias do executivo todos os dias úteis «até que algum, ou alguns, dos vereadores cumpram as suas obrigações de participação no órgão para que foram eleitos». A primeira é já amanhã e com a ordem de trabalhos anterior.

Na passada sexta-feira, os socialistas Vítor Pereira, Graça Sardinha e João Correia, bem como João Esgalhado e Pedro Silva, do PSD, justificaram a sua ausência por discordarem do agendamento de propostas que implicam compromissos financeiros de «vários milhões de euros» a menos de um mês das autárquicas. Em conferência de imprensa, os cinco vereadores criticaram nomeadamente a falta de informação acerca de uma decisão do tribunal arbitral que obrigará a autarquia a indemnizar a Bragaparques, que terá manifestado a intenção de cessar a exploração do silo auto do Pelourinho, em 10 milhões de euros. «Os vereadores não sabem em concreto o porquê desta decisão porque o documento em causa continua no segredo do gabinete do presidente da Câmara», lamentou Vítor Pereira, que o PS recandidata às eleições de dia 29.

Outro assunto que levanta dúvidas é a aceitação por parte do município da doação, com condições, do complexo desportivo da ADE. O vereador socialista considera que o assunto tem que ser precedido de «uma profunda análise económica, pois está em causa um milhão de euros». Vítor Pereira estima esta solução pode ser «ilegal» e terá implicações com o próximo executivo, logo não é mais que «foguetório eleitoral», acrescentou, esclarecendo que também o PS quer resolver «o problema da ADE». Já a fixação das taxas de IMI e Derrama para 2014 foi contestada pelo social-democrata João Esgalhado, para quem esta deliberação deve ser tomada pelo próximo executivo. O vereador também estranhou o cariz eleitoralista de outros pontos da ordem de trabalhos, caso das obras na sede da Banda da Covilhã e a construção de um palco para o Grupo Desportivo da Mata. «Tudo isto aparece agora para que, em período de campanha, um certo candidato possa aparecer ao lado do senhor presidente como um herói», criticou João Esgalhado.

Na resposta, Carlos Pinto negou que a Câmara tenha que pagar 10 milhões de euros à Bragaparques, dizendo desconhecer como o vereador chegou a esse montante. «O que sei é que com a decisão do tribunal arbitral a Câmara vai assegurar a gestão do silo-auto e acabar com o estacionamento tarifado à superfície», disse aos jornalistas. O presidente da autarquia, que já não pode recandidatar-se por ter atingido o limite de mandatos, acusou os cinco vereadores de «oportunismo e irresponsabilidade», pois a sua ausência adiou a tomada de várias deliberações, como a taxa do IMI, «que representa quatro milhões de euros de receita anual». Já no caso da ADE, Carlos Pinto garantiu que «tudo estava pronto» e que o acordo levou «muito tempo a ser preparado», afirmando que com esta ação os vereadores «não só obstaculizaram o processo, como deixam a associação numa situação muito complicada porque não há aqui, ao contrário do que foi dito, nenhuma ilegalidade». Adiada foi também a extinção da Associação de Turismo da Covilhã e a aprovação de candidaturas ao programa de incentivo ao comércio tradicional, entre outros assuntos.

Luis Martins Primeira reunião extraordinária do executivo é já amanhã

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