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Ex-gerente do Totta ouvido pelo juiz em Seia

Camilo Coelho tinha fugido para o Brasil em 2003 por suspeita de ter desviado 10 milhões de euros das contas de clientes

O antigo gerente do Totta & Açores de Seia regressou à cidade na semana passada, quatro anos depois de ter fugido para o Brasil por, alegadamente, ter burlado o banco e vários clientes em cerca de 10 milhões de euros. Camilo Coelho foi ouvido pelo juiz de instrução no tribunal local, tendo regressado à Penitenciária de Coimbra logo depois.

Ali está detido em prisão preventiva a aguardar julgamento desde que regressou do Brasil, onde foi descoberto e preso, em Agosto de 2004, por agentes da Interpol do Rio de Janeiro. O Supremo Tribunal Federal brasileiro confirmou a extradição para Portugal dois anos depois, mas Camilo Coelho foi adiando o regresso com vários recursos. Neste momento desconhece-se desde quando está em Portugal. Por cá, o ex-gerente bancário era procurado pela prática dos crimes de burla qualificada, abuso de confiança agravado, falsificação de documento agravada e branqueamento de capitais, incorrendo numa pena de prisão de 12 anos. Como O INTERIOR noticiou na altura, o então Totta & Açores apresentou uma queixa-crime contra o funcionário, enquanto a sua moradia, os automóveis, um apartamento e diversas contas bancárias foram arrestados para garantir o pagamento do montante alegadamente desviado.

O desfalque tinha sido confirmado em Setembro de 2003 por uma inspecção à dependência senense. Em consequência desta sindicância, o gerente foi demitido de funções e desapareceu literalmente da cidade no início desse mês, deixando a família para trás. Os lesados foram alguns clientes de cujas contas bancárias desapareceram várias quantias que totalizaram os 10 milhões de euros. Na altura, o banco confirmou a «existência de algumas irregularidades praticadas em interesse próprio pelo ex-gerente do balcão em Seia». E garantiu a reposição dos valores desaparecidos das contas dos seus clientes, esclarecendo que os montantes seriam restituídos nas situações «onde não houvesse dúvidas». O que provocou uma corrida à agência senense, onde centenas de clientes alarmados foram informados de que o dinheiro seria restituído desde que possuíssem provas dos depósitos e transacções.

De acordo com alguns dos lesados então citados por O INTERIOR, o esquema de desvio de dinheiro terá tido início em 2000, altura em que Camilo Coelho passou a ser responsável pelo balcão de Seia, vindo da Covilhã. «O esquema era simples: eram abordados os clientes com elevadas quantias à ordem ou a prazo, sendo incentivados a aplicar o dinheiro noutros produtos que o banco geria no estrangeiro. Depois desviava-o para a sua conta», revelaram. O ex-bancário foi detido na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, em Agosto de 2004, após a Judiciária ter emitido um mandado de detenção internacional. Camilo Coelho preparava-se para casar, o que lhe garantia alguma tranquilidade, já que a legislação não permitia a extradição de cidadãos brasileiros ou casados com brasileiros. Ficou detido na prisão de Ary Franco até à sua extradição.

Luis Martins

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