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Artur Neves Pina Monteiro, Chefe do Estado-Maior do Exército, 59 anos, nascido em Vila Fernando, casado, com um filho e uma filha

O que faz um Chefe de Estado-Maior do Exército?

O Chefe do Estado-Maior do Exército é o Comandante do Exército Português, tendo o posto de General de 4 Estrelas e é o único e mais elevado no Exército. O Comandante do Exército tem competências próprias fixadas por lei e é o principal colaborador do Ministro da Defesa Nacional e do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. A tarefa mais importante do Exército é preparar e treinar as Forças Operacionais como por exemplo Batalhões de Infantaria, Unidades de Cavalaria e Artilharia, Engenharia, Paraquedistas, Comandos e Operações Especiais.

De referir as nossas participações recentes e atuais nos teatros de operações do Afeganistão, Kosovo, Líbano e Bósnia. Também merece destaque, no plano externo, o envolvimento de inúmeros militares do Exército na cooperação técnico-militar nos países de expressão oficial portuguesa, nomeadamente na Guiné-Bissau, em S.Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Timor.

Como se inclinou para a vida militar?

Quando optei pela carreira militar em 1970, sabia que era muito provável ir para a Guerra que no Ultramar já durava há dez anos e que só terminou em 25 de abril de 1974. Mas o apelo pela carreira militar foi mais forte do que o temor da Guerra, pois acreditava que era um desafio que me abria oportunidades para continuar a progredir nos estudos, após o fim do então 7º ano no Liceu Nacional da Guarda.

Felizmente, o meu curso da Academia Militar já não foi para a Guerra Colonial devido ao 25 de abril de 1974, no qual participei como Alferes.

O Curso da Academia Militar foi uma época inesquecível porque o País vivia uma situação muito mais difícil do que hoje e por isso a amizade, a camaradagem, o espírito de corpo que se gerou nos bancos da Academia entre todos os Cadetes, perdura até hoje. Para além disso todos os Cadetes sentiam uma motivação muito forte, porque sabíamos que um tempo novo iria chegar e que teríamos que estar à altura das nossas responsabilidades.

Faça um resumo do seu trajeto escolar e militar.

Frequentei a escola primária de Vila Fernando, da qual guardo as melhores recordações não só dos amigos de todas as classes sociais, mas também do Professor Raul que muito me ensinou. Na Guarda frequentei o Liceu Nacional da Guarda, hoje Escola Afonso de Albuquerque. Em 1969 frequentei o (antigo) 7º. Ano, tinha 17 anos, mas como não tinha, nem tenho habilidade para desenhar o Professor da disciplina não facilitou, pelo que tive de repetir no ano seguinte. Esta foi a razão por que só entrei na Academia Militar em 1970. Mas não foi um ano perdido, porque fui concluir o 7º. Ano no Colégio de S. José, onde o rigor também não faltava, consolidei os meus conhecimentos e foi com facilidade que ingressei na Academia Militar.

Após a conclusão do Curso de Ciências Militares em 1974, iniciei a minha carreira como Oficial do Exército com a mudança do regime em 25 de abril de 1974, seguindo depois todos os degraus da carreira militar. Em 19 de Dezembro de 2011, fui promovido a General.

Aconselharia uma carreira militar aos Jovens atuais?

É natural que o Comandante do Exército promova e estimule os jovens a ingressar nas fileiras do Exército. Mas as razões que me levam a isso não se ligam com facilitismo ou comodismo. Bem pelo contrário a vida militar é difícil, mas tem valores que se ligam diretamente com a nossa existência coletiva e que no fundo exige grande nobreza e espírito de servir, a todos os jovens que decidem ingressar nas fileiras.

É este o grande desafio para a opção militar – saber e querer servir o País, sem olhar a sacrifícios.

Ser militar impõe por conseguinte a aceitação consciente dos valores peculiares que são imprescindíveis para a defesa da nossa Pátria. Penso que não há valor mais nobre e por isso todos os jovens que decidem ingressar como voluntários nas fileiras, sem dúvida que merecem o respeito de todos os que irão beneficiar do seu trabalho em situações de crise ou catástrofe.

Como recorda a sua passagem pela Escola Secundária Afonso de Albuquerque?

Recordo que foi a exigência de muitos professores que me fez crescer e ser um dos melhores classificados no Curso da Academia Militar. A atividade académica era muita intensa e muito vivida, para compensar a ultraexigência de alguns professores, muito competentes, de que recordo a Professora Ofélia.

Foi um período da minha vida muito exigente mas que reconheço ter sido uma mais-valia para a carreira que abracei e por isso estímulo todos os jovens que acreditem que é possível ser ousado e que é nos tempos difíceis que temos que saber vencer. Agradeço pois a todos os professores do então Liceu Nacional da Guarda, hoje Escola Secundária Afonso de Albuquerque, o rigor e a exigência que colocaram na minha aprendizagem.

(entrevista completa no EXPRESSÃO on-line)

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