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Europeias

Menos que Zero

A deputada do PSD, Ana Manso, disse que Sousa Franco é “um homem sem categoria” e que não é “por lhe faltar alguma coisa em termos físicos”. Mais tarde justificou estas palavras com uma má interpretação dos jornalistas e com o entusiasmo das campanhas eleitorais. Este episódio deixou-me a sensação que falta algo a esta deputada e, usando as suas próprias palavras, não é “alguma coisa em termos físicos”.

Infelizmente, este foi apenas mais um exemplo dos excessos de linguagem que estão a marcar a campanha eleitoral em curso. Veja-se o caso do Bloco de Esquerda: apesar de ter iniciado a campanha na sede de uma associação contra a violência doméstica, achou por bem produzir um cartaz onde um padeiro, com um rolo da massa na mão, é enquadrado pela frase: “Estás farto? Vota em quem lhes bate forte”. Nada violentos, portanto.

Para além deste tipo de episódios, a campanha gira em torno de questões estapafúrdias, com a Esquerda a acusar o PSD de ir a reboque do PP e a Direita a responder que são os Socialistas quem segue a agenda política definida pelo Bloco de Esquerda. Por isso não é de estranhar que as sondagens apontem uma abstenção a rondar os 65 por cento o que, com os votos brancos e nulos, dá uma noção real da importância que os portugueses atribuem a este acto eleitoral. A verdade é que, independentemente do número de votantes, os deputados eleitos serão sempre 24 e, por isso, estas eleições funcionarão apenas como uma sondagem real de valor nulo. Os eleitores vão demonstrar apoio ou desagrado em relação às políticas seguidas por este Governo, mas todos sabemos que é a partir de agora – a meio do mandato – que o Governo vai implementar as medidas mais populares, visando uma nova vitória nas próximas eleições legislativas.

O nível de abstenção previsto, provavelmente o maior de sempre, faz com que seja possível antever as reacções políticas aos resultados eleitorais. O partido vencedor vai enaltecer o momento de viragem, mas saberá que conseguiu apenas uma vitória de Pirro. Os perdedores, por seu lado, tenderão a desvalorizar os resultados face ao baixo número de eleitores. Resta saber quais as consequências destas eleições no interior dos partidos políticos, pois esse é o único foco de interesse destas europeias.

Por: João Canavilhas

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