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Eurodeputados do PS consideram «absurdo» fecho da maternidade

Edite Estrela e Francisco Assis não vêem «razões técnicas e muito menos sociais» para essa eventualidade

Será «absurdo» encerrar a maternidade da Guarda, segundo os eurodeputados do PS, Edite Estrela e Francisco Assis, que reuniram na última sexta-feira com várias entidades ligadas à Saúde no distrito. Os parlamentares europeus dedicaram a manhã ao tema “Os Serviços Públicos de Saúde e sua organização numa região desfavorecida de Portugal e da Europa», sobressaindo dos vários encontros realizados a polémica do possível fecho daquele serviço do Hospital Sousa Martins.

Edite Estrela disse ter encontrado na Guarda uma «grande sintonia» em defesa da manutenção da maternidade, considerando não haver «razões técnicas e muito menos sociais» para essa eventualidade. «Não faz sentido que se fale no encerramento da maternidade. O estudo não está em causa, mas tendo em conta as características desta região, as dificuldades de mobilidade e os problemas de acessibilidades que existem, para além de ser uma região periférica marcada pelo envelhecimento da sua população, consideramos que não são medidas desta natureza que estimulam a natalidade e garantem que os partos se realizem e a gravidez seja acompanhada de forma eficiente», sublinhou a eurodeputada. Uma posição também assumida por Francisco Assis, segundo o qual os responsáveis hospitalares do Sousa Martins estão a desenvolver «um processo sério no sentido de fazer ver ao Governo o absurdo que seria tomar uma decisão de encerramento da maternidade». Já Fernando Cabral, deputado eleito pelo círculo da Guarda na Assembleia da República e presidente da Federação local do PS, manifestou-se preocupado com o facto do ministro da Saúde «ainda não ter dito nada» quanto à localização do novo hospital da cidade.

«É altura do Governo tomar a decisão definitiva de onde vai ser instalado a nova unidade para depois se avançar com o concurso público», exigiu, dizendo-se ainda «alarmado» com a recente declaração do ministro das Finanças, no âmbito da discussão do Orçamento de Estado (OE) no Parlamento, segundo o qual nas «”SCUT hospitalares”» [hospitais construídos em parcerias público-privadas] «também serão os utentes a pagar esses hospitais». O que, para Fernando Cabral, é «inconcebível», pois a Guarda tem «direito a ter, como outras regiões, um hospital público, pago pelo dinheiro do OE, e não uma situação de tratamento diferenciado em relação a outros hospitais públicos». Da saúde às portagens nas ex-SCUT foi um passo que os socialistas não puderam evitar, com Francisco Assis a defender que o princípio do utilizador/pagador deve ser aplicado com «racionalidade e inteligência». O eurodeputado adiantou mesmo que a questão das portagens é «sintomática» de um Governo que «não está preocupado em promover políticas específicas» para garantir o desenvolvimento das regiões menos desenvolvidas. «Quando os Governos de António Guterres optaram por esta solução de construção de auto-estradas, fizeram-no em obediência ao imperativo da discriminação positiva do interior, porque as pessoas que aqui vivem e trabalham estão fartas de ser discriminadas negativamente», disse.

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