Responsáveis de IPG e UBI concordam, mas sublinham que recomendação «não pode ser apenas aplicada ao interior»
Maior cooperação entre universidades e politécnicos da mesma região, se possível com a criação de consórcios para facilitar a relação entre os dois sistemas: é este o caminho apontado por um estudo da European University Association (EUA) sobre a reorganização da rede de ensino superior em Portugal. O documento, encomendado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), defende que as instituições devem ser incentivadas a desenvolver propostas comuns em cursos de licenciatura, mestrado e especialização tecnológica.
A sugestão é bem acolhida pelos responsáveis das instituições da região, que sublinham no entanto a necessidade de haver «uma estratégia nacional antes de uma estratégia regional». O presidente do Politécnico da Guarda (IPG) considera «importante» uma colaboração «mais intensa, sobretudo no interior», para «reforçar a presença do ensino superior» e lembra que a instituição «já está a cooperar» com a vizinha Universidade da Beira Interior (UBI) «em diversas áreas». Constantino Rei dá conta da «disponibilidade» do IPG para «continuar e aprofundar a colaboração», mas apenas se esta «fizer parte de um plano global». «Não queremos que adaptem a ideia só ao interior e que o resto do país fique a olhar para o lado», vinca o dirigente.
Contudo, Constantino Rei entende que «falta decisão e coragem política ao Governo» para implementar uma estratégia de âmbito nacional, concluindo por isso que este relatório «é mais um que vai para a gaveta, pois não vai produzir qualquer efeito prático». Já o reitor da UBI salienta que o estudo «aborda aspetos importantes para o ensino superior» e mostra a «visão de pessoas de fora, permitindo obter uma perspetiva diferente». Quanto à cooperação entre instituições, João Queiroz defende também a necessidade de um «debate nacional», sustentando que é preciso «uma definição mais clara» entre universidade e politécnico. «Não havendo uma diluição dos conceitos, estamos disponíveis para cooperar e nada mais», afirma o reitor. Já «se os conceitos forem diluídos, não faz qualquer sentido haver três instituições de ensino superior na Beira Interior», conclui João Queiroz.
Fábio Gomes