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Estudantes do IPG preocupados com ano lectivo

Os cortes financeiros na Acção Social Escolar e no Orçamento para o Instituto Politécnico da Guarda para 2004 está a preocupar os alunos. Das universidades e politécnicos do país, o IPG foi o que recebeu mais caloiros na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso mas, curiosamente, também foi o que sofreu o maior corte orçamental. Uma situação que deixa os presidentes das duas associações de estudantes do IPG «indignados» e «extremamente» preocupados. Pedro Narciso, dirigente da AE da Escola Superior de Enfermagem, diz não entender a discrepância entre número de alunos e financiamento, tanto mais que este ano a sua escola foi englobada no “bolo” geral e, por isso, auferirá um valor «inferior» ao do ano transacto. «Isto faz-nos pensar que este ano vai correr pior», teme o presidente, já que as verbas para a ESEnf descem 0,2 por cento relativamente a 2003, que foi bastante conturbado. Recorde-se que aquela escola conheceu muitas dificuldades financeiras que levaram os alunos à rua e à doação de uma verba extra por parte da direcção do IPG para suportar as actividades até ao final do ano. Já para Nuno Silva, presidente da AEIPG, a Guarda deve ser a «única cidade que não é filha de ministro», pois foi a que teve maior número de admissões – 10,4 por cento – e é a «mais penalizada». De salientar que ocupou 72 por cento das vagas disponíveis, ao passo que em 2002 ficou-se pelos 59 por cento. O corte orçamental é, pois, um «problema gravíssimo e ainda ninguém falou dele», constata Silva, apontando o dedo às «forças vivas» da cidade que «só falam desta casa para interesses políticos».

Na verdade, o IPG é o mais penalizado do país a nível de financiamento. Em 2003, para a Acção Social recebeu mais de 1,6 milhões de euros, enquanto que em 2004 receberá apenas 1,4 milhões, ou seja, terá uma diminuição de 14,06 por cento. Só o Politécnico de Beja consegue tamanha “proeza” com menos 11,20 por cento, ficando todos os restantes acima da “linha de água”. Relativamente ao OE, em 2003 recebeu mais de 12,7 milhões de euros, mas em 2004 só disporá de 11,7 milhões, decrescendo 5,72 por cento. «Não entendemos como isto acontece no instituto que teve o maior número de novos alunos», lamenta Nuno Silva, realçando que a Guarda «perde tudo». «Chocados» com o cenário, os dirigentes garantem que vão lutar não só pela redução das propinas como pelo aumento do financiamento estatal. A primeira acção decorre dia 21 com uma greve geral em prol do movimento associativo nacional, mas por «problemas muito próprios do interior», ficando a outra para 5 de Novembro, com uma deslocação a Lisboa. De resto, haverá formas de luta internas, porque «temos bandeiras que são só nossas», dizem, indagando «como fizeram uma lei de financiamento tão penosa para uma instituição que já é tão penalizada?».

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