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“Estrada Verde” tem que ter «características de velocidade lenta»

Fernando Matos garante que o PNSE «nunca fechou portas» ao diálogo com nenhuma autarquia

A tão ansiada “Estrada Verde”, que fará a ligação da Guarda ao maciço central da Serra da Estrela, «tem que ser uma via de características de velocidade lenta». A afirmação é de Fernando Matos, director do PNSE, que garante que o organismo que dirige «nunca fechou portas» ao diálogo com nenhuma autarquia envolvida no projecto. Frisa, no entanto, que a construção desta estrada terá que ter em conta a «ecologia e a preservação dos valores naturais», salientando existir ainda «alguma indefinição de traçado».

De facto, na última reunião do executivo da Câmara da Guarda, a autarca Maria do Carmo Borges exigiu que o projecto da “Estrada Verde”contemple melhoramentos na estrada municipal que estabelece a ligação entre a cidade mais alta e as freguesias de Trinta e Videmonte. A edil considerou ainda que deve ser feito «um esforço acrescido para se encontrar um traçado para a ligação à Lagoa Comprida». Mas Fernando Matos refuta todas as críticas feitas por diversos autarcas que têm vindo a reclamar uma maior abertura do PNSE para concretizar a “Estrada Verde”. «O parque nunca fechou as portas a ninguém desde que se iniciou o processo. Dialogou sempre com os autarcas. O que tem acontecido é que não tem havido uma definição do itinerário da estrada e os próprios autarcas também têm acrescentado algumas fases à proposta», salienta. O director do PNSE relembra uma reunião realizada em Dezembro, na Câmara da Guarda, em que participou o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), na qual foi perceptível «alguma indefinição» de traçado. «Há um projecto principal que quase se mantém, mas de resto ainda há muitas indefinições», garante.

E nessa reunião «chegou-se à conclusão de que havia ainda muita coisa a acertar», adianta Fernando Matos, para quem esta estrada necessita de um estudo de impacto ambiental dada a sua extensão e categoria. «Só assim saberemos quais as possíveis características dos troços», sublinha, clarificando que entre os lanços analisados «há dois ou três anos atrás», o PNSE concordava «com uns e continua a discordar de outros». Questionado sobre a necessidade da construção da “Estrada Verde”, o director do PNSE afirma que a beneficiação de estradas, «que valorizem o desenvolvimento regional e beneficiem as populações locais, que não têm grandes acessos neste momento», é «útil, de certa maneira». Contudo, a ser chamada “Estrada Verde”, terá que ser uma via que «não pode esquecer toda a ecologia e a preservação dos valores naturais do parque», pelo que defende uma via «de velocidade lenta» e que, por princípio, beneficie as populações locais. «Não sabemos quais as características que se pretendem, mas se for um IC ou coisa do género não podemos concordar», reforça Fernando Matos. O projecto da “Estrada Verde” prevê a construção de um troço de cerca de 20 quilómetros que estabelecerá a ligação das localidades de Videmonte, Penha dos Prados, Alto de Linhares, Carvalhos Juntos, Portela de Folgosinho, Senhora da Assedasse, Covão da Ponte e Cruz das Jugadas à Estrada Nacional 232, entre Manteigas e Gouveia.

Ricardo Cordeiro

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