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Estrada entre Covilhã e Ferro é “dor de cabeça”

Habitantes desesperam por requalificação do traçado, prometida pela autarquia desde o mandato anterior

A principal via de ligação entre a Covilhã e a freguesia do Ferro está a causar grandes “dores de cabeça” aos habitantes locais e muitos mais danos nos seus carros, já que ali têm ocorrido acidentes todas as semanas.

Anabela Tomás foi uma das recentes sinistradas da estrada municipal 18. No passado dia 24 de Setembro foi obrigada a entrar na berma para se desviar de um pesado, já que o troço tem apenas 4,5 metros de largura. «Quando tentava ir para a estrada, as rodas derraparam, perdi o controlo do carro e fiz um peão que me levou a embater numa videira», explica. A condutora considera que o acidente terá acontecido por «terem espalhado gravilha pela estrada para disfarçar os buracos, mas a própria circulação dos carros faz com que a gravilha salte». O resultado custou-lhe 3.600 euros de arranjo, que tentou que a autarquia pagasse «devido à falta de condições e a falhas na sinalização», alega. Contudo, a autarquia recusou accionar o seguro de responsabilidade civil por considerar que estavam reunidas todas as condições de segurança. Perante esta resposta, Anabela Tomás confessa-se «resignada», mas adianta que «a intenção é alertar toda a gente para o perigo daquela estrada e para a forma vergonhosa como a Câmara gere as suas obras de administração directa».

O projecto de requalificação do traçado – orçado em cerca de 3,5 milhões de euros – iniciou-se em 2005, tendo passado para o terreno em meados de 2009. Definiram-se duas fases de actuação: uma primeira de alargamento e limpeza de bermas e taludes, e uma segunda com a realização da obra propriamente dita, nomeadamente com o alcatroamento do troço. Até ao momento ainda só teve início a primeira fase, desde a Ponte Pedrinha até Peraboa, naquela que foi uma «promessa eleitoral do anterior mandato que não foi cumprida», lamenta Anabela Tomás. A automobilista recorda que no ano passado, nas vésperas das eleições, a Câmara adjudicou uma parte da obra «e mandou para lá umas máquinas. Essa parte já está numa fase adiantada de recuperação» admite. «A outra foi feita por administração directa, tendo sido espalhada gravilha pela estrada para disfarçar os buracos». Além deste problema, também o grande desnivelamento entre a estrada e a berma revela-se um obstáculo à circulação, especialmente quando dois pesados se cruzam.

Que o diga Hélio Barata. Tem rebocado muitos dos carros acidentados da municipal 18 e não tem dúvidas que «a estrada está imprópria para a circulação automóvel». Tal como Anabela Tomás, explica que a solução provisória para tapar os buracos não é a melhor, já que os automóveis «perdem completamente a aderência». Por outro lado, «a sinalização era deficiente até há bem pouco tempo, com os sinais todos deitados ao chão por estarem apenas presos com pedras, o que é inadmissível», critica. Outro utilizador diário do traçado refere que, apesar de nunca ter presenciado nenhum acidente, já viu «muitas pessoas acidentadas» enquanto passa por ali. Pedindo para não ser identificado por motivos profissionais, este condutor receia circular por lá. «Tremo quando lá passo, porque conduzo um pesado e aquela estrada está muito deteriorada. Para quem passa ali todos os dias, aquilo é muito complicado», avisa.

O presidente da Junta do Ferro admite que a estrada tem «uma plataforma rodoviária muito estreita e já não tem as condições adequadas à normal circulação de trânsito, o pavimento chegou ao fim». Apesar de confirmar que se trata de um traçado «perigoso», Paulo Tourais reconhece que «há pessoas que ali passam em excesso de velocidade, o que também contribui para os acidentes», que afirma acontecerem «cerca de dois por semana». De resto, revela que tem pedido à Câmara «que vá fazendo a manutenção» da via, que neste momento «não é a adequada», considera. «O adequado seria um pavimento com o mínimo indispensável de asfalto. Por outro lado, também compreendo que, estando a obra para arrancar em definitivo, se estejam a gastar mais uns milhares de euros numa situação temporária», refere. Até ao fecho desta edição, O INTERIOR tentou entrar em contacto com Leopoldo Santos, engenheiro da Câmara da Covilhã responsável pela obra, para obter esclarecimentos, mas sem sucesso.

Rafael Mangana Presidente da Junta garante que estrada municipal 18 tem «cerca de 2 acidentes por semana»

Estrada entre Covilhã e Ferro é “dor de
        cabeça”

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