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Estabelecimentos Viários Romanos

Nos Cantos do Património

Ao longo das calçadas romanas existiam diversos edifícios cuja função seria apoiar viajantes que percorriam o território. Estes estabelecimentos viários teriam diferentes tipologias.

Os de cursus publicus, correspondiam às mansiones e as mutationes, sendo as primeiras de maiores dimensões, cuja função seria dar apoio nas deslocações de funcionários estatais, com diversos edifícios e equipamento variado: cavalariças, armazéns, oficinas, banhos, alojamento, cozinhas. Certamente afectos a estes encontravam-se inúmeros funcionários.

Os estabelecimentos viários particulares correspondiam aos diversorium, hospitium e as tabernae, sendo estas últimas as mais numerosas e mais simples. Por norma localizavam-se nas proximidades de mansiones, mutationes, uillae ou castra.

A calçada de Emerita a Bracara passava pela ponte de Alcântara e não é referida no Itinerário de Antonino. Era um grande eixo viário, que fazia a travessia pela Serra da Estrela. De Cáceres rumava a Idanha, Capinha, Caria, Belmonte, Valhelhas, Taberna, em direcção a Viseu, até Braga.

Ao longo do seu percurso foram identificados diversos estabelecimentos viários.

Alguns autores defendem que Centum Cellae poderia corresponder a uma mansio, outros a uma uillae. Interessa ressalvar que ficava um pouco afastada da via, sendo possível a existência de uma taberna junto à via.

Um exemplo de taberna poderá corresponder à Quinta da Taberna (Videmonte), referido por alguns autores como Albergaria do Mondego. Na margem esquerda do rio Mondego identificam-se alguns vestígios de materiais construtivos romanos. É possível que corresponda a um pequeno edifício de carácter particular, com a função de apoiar viajantes da calçada na difícil travessia da Serra da Estrela.

O facto de tratar-se de um pequeno edifício leva-nos a pensar que estaria relacionado com um assentamento de maiores dimensões, todavia, ainda não identificado. Talvez um castro, tendo em conta a geomorfologia da área.

Neste sentido, os viajantes percorriam a distância diária, sendo nas áreas montanhosas uma média de 6 milhas, descansando durante a noite nos estabelecimentos viários.

As vias de comunicação acabaram por servir como veículo na aculturação dos habitantes da Península Ibérica pelos costumes romanos, circulando pessoas, bens e ideologias.

Por: Vítor Pereira

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