P – Qual o objectivo desta greve de professores?
R – Queremos levar o Ministério da Educação a atender às justas reivindicações dos professores. Reivindicações que passam pela suspensão do actual modelo de avaliação e a negociação de um modelo alternativo, mais justo e adequado à realidade do exercício da profissão.
P – Os recuos do Ministério da Educação não justificariam um abrandamento dos protestos?
R – Pecam por insuficientes e tardios. Poderia ter-se evitado muita da crispação que se vive se a ministra da Educação tivesse logo reconhecido os erros do modelo e ouvido os professores. Quem está nas escolas sabe que mesmo estes remendos nada trazem de solução para o problema, porque a génese está toda errada.
P – Em que medida é que as propostas de Maria de Lurdes Rodrigues se reflectem de forma concreta nos professores e nas escolas da região?
R – Como em todo o país, os professores do distrito têm-se desdobrado em reuniões sem fim, o que tem roubado tempo à preparação das suas aulas e também à sua vida pessoal.
P – Qual o ambiente que se vive neste momento nas escolas da Guarda?
R – A desmotivação e a insatisfação perante a forma como estamos a ser tratados são a realidade do dia-a-dia. Professores que sempre deram muito de si à escola e aos seus alunos sentem-se menosprezados pelo ministério e pela sociedade e sentem também que será através da luta, que é muito sua e muito digna, que irão repor o seu estatuto social.
P – É a primeira vez que os professore da região aderem desta forma a uma chamada dos sindicatos. O que mudou?
R – Quando, em 2005, os professores viram o seu estatuto e a sua carreira alterados com base em pressupostos injustos e acusações falsas de mau profissionalismo, protestaram, mas foram tentando que as coisas funcionassem: carreira congelada, aulas de substituição, escola a tempo inteiro, indisciplina, divisão da carreira em professor e professor titular, reuniões, papéis, papéis, falta de tempo para preparação do seu trabalho… a perda da auto-estima. Já a 8 de Março percebi, mas a 8 de Novembro acentuou-se: recuperámos o amor-próprio, dissemos basta às injustiças e decidimos que esta é uma luta justa para levar até ao fim. O compromisso dos sindicatos é esse.