A Câmara da Mêda vai acolher o espólio do pintor mestre José Manuel Soares após o fracasso das conversações com a autarquia de Idanha-a-Nova. A cidade foi escolhida para receber mais de três centenas de quadros, porque o município «lhe abriu, de maneira interessada e rápida, todas as portas e lhe ofereceu condições, sem reservas, para acolher esta colecção avaliada, numa primeira fase de doação, em mais de um milhão de euros», adianta Joaquim Fonseca, procurador do artista, em comunicado.
Tudo indica que o espólio ficará instalado no espaço da antiga Casa dos Magistrados, situada na principal avenida da cidade. «A casa-museu José Manuel Soares vai realmente aparecer na Mêda. Só estamos a estudar juridicamente os pormenores e os procedimentos para a colecção poder estar aqui», confirmou João Mourato a O INTERIOR. O edil revela que as conversações começaram há 15 dias, mas estão «bem encaminhadas», e espera mesmo que tudo esteja concluído a tempo de se fazer, «talvez em Novembro», uma grande retrospectiva de uma obra que considera «muito interessante e importante». Além das instalações, a autarquia terá ainda que comparticipar os trabalhos de manutenção da casa-museu, bem como de todos os quadros entregues, assumindo ainda a tarefa de divulgar a obra de mestre José Manuel Soares.
Após ter sido alertado para a intenção do pintor, o autarca visitou a sua casa na Costa da Caparica e regressou «impressionado» com o valor da sua arte. «Trata-se de um pintor muito egoísta, pois não gostava de vender as suas obras. Fez centenas de exposições e se vendesse um ou dois quadros por exposição não queria vender mais. Era muito cioso das suas coisas», adianta João Mourato. Na sua perspectiva, José Manuel Soares, com quase 76 anos, é um pintor da corrente realista: «Não é extravagante, pinta as coisas naturalmente», considera, aludindo aos inúmeros quadros relativos a Lisboa, a Monsanto, aos grandes acontecimentos nacionais, a batalhas e a paisagens. «Também tem grandes obras de banda desenhada. É um espólio muito opulento e diversificado», sublinha.
Segundo Joaquim Fonseca, a colecção a ceder reflecte «o percurso artístico que o Mestre Soares trilhou ao longo de mais de 50 anos dedicados à pintura em obras reconhecidas à escala mundial». José Manuel Soares é natural da região de Odemira, onde nasceu em 1932.
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