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«Espero que o processo eleitoral dignifique a comunidade académica da UBI»

Cara a Cara – José Manuel Paquete de Oliveira

P – Como encara o desafio de presidir ao Conselho Geral da UBI?

R – Encaro com o propósito de poder contribuir para prestar mais uma missão de serviço à causa da universidade portuguesa. É verdade que sou um recém-chegado à Universidade da Beira Interior, mas espero contar com o apoio e colaboração leal e sincera de todos aqueles que formam esta universidade, professores e investigadores, estudantes e pessoal não docente e não investigador, muito especialmente por parte de todos os membros do Conselho Geral. Embora fazendo parte dos membros externos que pertencem ao Conselho, há 30 e tal anos que ando ligado ao “mundo académico” e procurarei, sobretudo, aproveitar da enriquecedora experiência que, também como membro externo a essas universidades, tive no Conselho Estratégico da Universidade do Minho e no Conselho Geral da Universidade da Madeira.

P – A eleição do novo reitor é a parte mais visível do trabalho feito pelo órgão. Que outras competências cabem ao Conselho Geral?

R – A eleição do Reitor, figura máxima na hierarquia de uma universidade, é um ato importante, quiçá decisivo, e de alto significado para a vida universitária. Neste sentido, é óbvio que o Conselho Geral tem grande responsabilidade neste processo, pois são os membros deste Conselho que, depois de ouvirem todos os candidatos, em audição pública, vão eleger aquele que, como Reitor, presidirá aos destinos da UBI nos próximos quatro anos. Mas o papel do Conselho Geral não acaba aqui e, muito especialmente, terá de continuar a colaborar com o Reitor e toda a comunidade universitária, na exigência e cumprimento das competências que lhe são atribuídas no processo da gestão da universidade.

P – O que espera do processo eleitoral?

R – Espero que decorra com toda a normalidade e de um modo que dignifique a comunidade académica da UBI, conforme tem ficado bem demonstrado nos processos anteriores.

P – Entende que o facto de haver mais do que um candidato é benéfico para a instituição?

R – É sinal positivo do empenhamento da comunidade académica desta universidade. Os vários projetos que, eventualmente, venham a ser apresentados, podem representar diferentes visões de encarar o presente e futuro da UBI, mas também podem valorizar e ajudar aquele que for o escolhido.

P – A tomada de posse só deverá ocorrer no início do próximo ano letivo?

R – É provável que a tomada de posse só venha a ocorrer no próximo ano letivo. O ato eleitoral está marcado para o dia 5 de julho, portanto, praticamente com este ano escolar a terminar. É natural que o reitor eleito, seja qual for, entenda mais adequado adiar a posse para o novo ano letivo.

P – Como reage ao apelo feito pela Associação Académica da UBI para que o Conselho Geral não ajuste o valor das propinas no próximo ano letivo à taxa média de inflação, o que significaria desembolsar mais 29 euros?

R – No contexto difícil social e económico-financeiro em que o país se encontra, e nas condições que afetam a grande maioria dos pais dos alunos, compreendo a posição tomada pela Associação Académica, aliás seguida pelas associações das outras universidades. Todavia, como terá de ser uma posição coletiva do Conselho Geral, aguardarei o parecer e tomada de decisão por parte dos seus membros aquando da apresentação deste assunto que, por enquanto, não está agendado.

P – Como vê o desenvolvimento da UBI nos últimos anos e o seu futuro?

R – Confesso que o conhecimento que tinha da UBI era muito geral, formado principalmente pela informação que, como interessado em saber o enquadramento do panorama universitário português, eu procurava recolher. E também pela troca de informações que desfrutei nalgumas reuniões com os representantes dos Conselhos Gerais das outras universidades do país. Após a eleição para membro do Conselho Geral da UBI, e mais concretamente para presidente, tenho procurado informação nos documentos disponíveis e no contacto com vários colegas. Documentos como o Plano 2020 – Plano de Desenvolvimento Estratégico para a UBI 2012-2020, mandado elaborar pelo atual reitor e com vasta colaboração de elementos internos e externos a esta universidade têm-me sido muito importantes.

Não obstante a interioridade que delimita esta universidade, pela situação geográfica em que está implantada, entendo que a UBI é uma universidade muito bem dimensionada, com um investimento inteligente e equilibrado em realizar no ensino e na aprendizagem, na investigação e na inovação, “produtos” de qualidade com marca de excelência. É já notável a internacionalização que tem conseguido em projetos de investigação e colaborações de “experts” de outros países e na frequência de alunos de outras paragens. Aprecio bastante a preocupação que cultiva em ter uma forte interação com a comunidade da região onde está implantada, na prestação de serviços e no trazer à universidade os cidadãos. É uma unidade de referência neste concelho e distrito e já uma certeza no universo da universidade portuguesa. O presente e o futuro das universidades portuguesas e dos institutos politécnicos estão ameaçados por enormes dificuldades conjunturais, muito especialmente nos recursos financeiros e nas condições globais de garantia à sua autonomia. Mas o futuro da UBI passa pela confirmação e desenvolvimento da identidade de qualidade que já lhe é reconhecida.

José Manuel Paquete de Oliveira

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