Arquivo

Esmeraldo Carvalhinho quer «reforçar a força de Manteigas»

Chumbo da lista apresentada pelo PS coloca José Novo de Matos, único eleito da CDU, na presidência da Assembleia Municipal, o que é inédito na região

Eleito presidente da Câmara de Manteigas há oito anos, Esmeraldo Carvalhinho perdeu há quatro para José Manuel Biscaia, mas está de regresso à cadeira maior do município tendo sido empossado no sábado.

«O trabalho que nos espera não vai ser fácil, mas com inovação, empenho e determinação vamos conseguir melhorar o nosso concelho», começou por referir o socialista. «Reforçar a força de Manteigas e dos seus habitantes» serão a sua principal preocupação, afirmando que só a criação de postos de trabalho pode trazer «estabilidades financeira aos manteiguenses». O emprego na fábrica «há muito que deixou de ser uma opção», lembrou Esmeraldo Carvalhinho, que procura agora «novos caminhos», que passam sobretudo pelo «potencial turístico do território». O edil prometeu retomar «o projeto de promoção e valorização do território interrompido há quatro anos», pois o turismo será «a melhor forma de catapultar a concelho para a senda do progresso». O autarca tenciona trazer de novo para o debate público a questão dos túneis na Serra da Estrela, um assunto que o Governo «deve retomar», pois «melhora a qualidade da economia regional e a qualidade de vida dos cidadãos».

No seu discurso, Esmeraldo Carvalhinho garantiu ainda que vai lutar para «tirar partido» das potencialidades do Parque Natural da Serra da Estrela, dizendo que «queremos que os recursos que são nossos, antes de serem universais, nos sejam devolvidos sem termos que os pagar a preço de ouro». Embora com um executivo repartido, dois eleitos do PS, dois do PSD e um independente, Esmeraldo Carvalhinho disse estar disponível para estabelecer «consensos pontuais para um mandato tranquilo». Contudo, nada está ainda decidido nessa matéria, mas à margem da cerimónia, Esmeraldo Carvalhinho afirmou que poderá fazer «consensos pontuais ou mais alargados para resolver os problemas de Manteigas porque há assuntos que precisam de maiorias absolutas». Nesse sentido, revelou já ter reunido com o independente Francisco Elvas, que terá assumido que «nunca será força de bloqueio».

O presidente de Manteigas falou ainda na eventualidade de atribuir pelouros à oposição: «Não é uma questão delineada, mas existe essa disponibilidade se essa for a forma de encontrar um caminho para a maioria absoluta no executivo», adiantou. Questionado sobre o assunto, Francisco Elvas garante que «não há acordos» e que, a existirem, serão «apenas pontuais por opção do PS». O vereador independente afirmou que esta não era «para já» a sua preocupação, pois «primeiro é importante saber que dinheiro há e para quê». O eleito disse esperar que o executivo seja capaz de «virar a tesouraria da Câmara para alavancar a economia de Manteigas, seja de que manira for». Por sua vez, José Manuel Biscaia, que iniciou o sexto mandato como autarca, considerou que não «há divergências quanto aos objetivos a atingir» e que será «sempre uma oposição construtiva». Sem uma maioria clara na Câmara, «terá de ser o executivo a decidir nas grandes matérias», afirmou o antigo presidente, para quem «as coisas se resolvem com bom senso». Além disso, «se os documentos tiverem ajustados à realidade de Manteigas, da nossa parte não haverá obstrução», prometeu José Manuel Biscaia.

Por um voto se perde, por um voto se ganha

Em Manteigas viveu-se a mais longa votação da região para a mesa da Assembleia Municipal. A velha máxima de que por um voto se perde e por um voto se ganha voltou a acontecer. Desta vez foi a lista proposta pelo PS, a única apresentada, para a mesa, liderada por António José Fraga, que perdeu por um voto: nove a favor e 10 contra.

Perante este impasse, optou-se por uma votação uninominal. José Novo de Matos, único eleito da CDU, foi o nome mais votado, com 10 votos. Para primeira e segundo secretário foram escolhidos Patrícia Martins (PSD) e Daniel Costa (PS). Tendo em conta que a maioria dos deputados municipais são do PSD ou PS, José Novo de Matos vê-se «como se fosse alguém independente» e mostrou-se satisfeito por «ter conseguido uma pessoa de cada partido na mesa». «Unir» pelo povo de Manteigas é a sua intenção, declarou, esperando que no executivo «consiga também propagar esse espírito». No entanto, a função não tirará a capacidade de intervenção ao único eleito da CDU, já que sempre que considerar necessário «abandono o lugar na presidência e assumo o de eleito para poder intervir», avisou Novo de Matos.

Ana Eugénia Inácio

Sobre o autor

Leave a Reply