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Escolas

No último ranking das escolas do ensino secundário, num universo de cerca de seiscentas, a Escola Secundária Afonso de Albuquerque aparecia no lugar 247 e a Escola Secundária da Sé no 194. As duas principais escolas da Guarda já tinham aparecido, em anos anteriores, perto ou dentro das cem melhores. Agora, as suas médias globais pouco ultrapassam os dez valores (como de resto a maior parte das escolas nacionais). As escolas secundárias de Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Meda, Vilar Formoso, Figueira de Castelo Rodrigo, Seia, estão entre as cem piores, enquanto a de Pinhel escapa por pouco a essa “distinção”. Em Almeida, a escola secundária Dr. José Casimiro Matias ficou mesmo entre as dez piores. Mais uma vez, verifica-se que muitas das escolas com médias mais baixas se situam no interior do país. Nas piores de todas, vêem-se médias catastróficas. Que dizer, por exemplo, da Pampilhosa da Serra, com uma média geral de 6,30 em 20?

Igualmente inquietantes são os resultados das melhores escolas. A vigésima, Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, apresenta uma média de apenas 12,30. As estatísticas e as médias podem muitas vezes induzir-nos em erro, mas uma coisa parece evidente perante estes resultados: o nosso ensino secundário não vai enviar para as universidades muitos alunos de grande qualidade. Depois, a não ser que o ensino superior venha a operar milagres, as nossas empresas vão ter dificuldades em contratar quadros superiores com capacidade para fazer a diferença.

Nas disciplinas técnicas e científicas, então, os resultados são muito maus. Vai ser cada vez mais difícil encontrar matemáticos e cientistas das mais variadas áreas. Como irão as nossas empresas conseguir competir nas áreas, cruciais, da investigação e desenvolvimento?

Não sei se com propriedade, fala-se numa generalizada baixa dos critérios de avaliação. Se não fosse esse facilitismo, diz-se, os resultados seriam muito piores. Basta aliás reparar na diferença entre as notas internas das piores escolas, se comparadas com as obtidas nos exames nacionais.

Já muito se escreveu sobre as sucessivas, e aparentemente erráticas, reformas do nosso ensino. Todos os anos aparece uma ideia nova e aparentemente brilhante, ou idiota. Agora, decidiu-se acabar com as reprovações por faltas. Não me repugna a ideia de dar uma oportunidade extra a um aluno reprovado por faltas, na forma de um exame em que possa demonstrar conhecer a matéria, mas não compreendo então como pensa o Ministério da Educação sancionar as faltas às aulas ou sustentar perante os alunos a obrigatoriedade da sua comparência. Se alguma consequência esta medida vai ter, será de certeza mais trabalho para os professores, que terão de elaborar e corrigir muitos mais exames, e muito maior absentismo por parte dos alunos, com o álibi daquela oportunidade final.

Por: António Ferreira

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