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Escolas de S. Miguel a “rebentar pelas costuras”

Aumento da população escolar na freguesia poderá provocar sérios problemas nos estabelecimentos de ensino que já estão lotados

As matrículas para o 1º ano do ensino básico começaram em Janeiro e só terminam dia 15 de Junho, mas há duas primárias à beira da lotação esgotada, ambas na freguesia de São Miguel (Guarda). As turmas já estão completas nas escolas básicas do 1º Ciclo da Estação e da Sequeira a dois meses e meio do fim do prazo.

A mãe do Guilherme foi matriculá-lo na Sequeira, a sua área de residência, na passada sexta-feira, mas, para espanto seu, as auxiliares disseram-lhe que «já não aceitavam matrículas». Contudo, depois de consultarem as listas, deram conta que o pequeno já estava incluído nas quatro turmas previstas para o próximo ano lectivo por frequentar a creche próxima daquela escola. O problema ficou resolvido, mas menos sorte poderão ter outros candidatos, pois o estabelecimento tem as suas novas turmas completas. «Claro que podemos vir a aumentar para cinco turmas, uma vez que as matrículas só terminam em Junho », constata o director da escola, actualmente com cerca de 100 alunos e apenas quatro salas. «Mas, para já, ainda é prematuro fornecer dados certos», acrescenta, garantindo, laconicamente, que a escola da Sequeira está «mesmo no limite». Já a directora da primária da Estação, Maria José Mendonça, vai mais longe. «Se o número de matrículas continuar a crescer a este ritmo, a nossa escola entra em ruptura», avisa a professora. Neste momento já tem 60 matrículas para o primeiro ano, um número «bastante superior comparativamente aos anos anteriores», adianta. Lembra por isso que a prometida nova escola primária «é uma necessidade».

Actualmente a escola da Estação tem 215 alunos distribuídos por 11 turmas. Mas só tem vagas disponíveis «para três turmas do primeiro ano», refere a docente. Para Maria José Mendonça, a razão desta sobrelotação é simples: «O centro da cidade está a deslocar-se para a periferia e as estruturas existentes não conseguem dar resposta a essa procura», justifica. Recorde-se que o presidente da Junta de Freguesia de São Miguel, João Prata, já tinha alertado para esta situação na última Assembleia Municipal. Na sua intervenção recordou a «obrigação» da autarquia em fazer uma nova escola do 1º Ciclo e chamou a atenção para a requalificação do edifício escolar da Sequeira. «Se alguns estabelecimentos de ensino vão fechar por falta de alunos, nós, ao contrário, temos gente mais do que suficiente para reclamar este direito que é a educação pública com qualidade», defendeu o edil. No caso da Sequeira há duas opções: «Ou é integrada nas instalações da EB2, 3 da Sequeira ou o velho edifício terá que sofrer obras de reestruturação inadiáveis», sugeriu então.

Já a escola da Estação, que «sofreu pequenas obras de cosmética há uns anos, as quais já nem se notam, precisa de ser urgentemente substituída por uma nova», sugeriu, recordando que a autarquia já tinha anunciado, em 2001, a intenção de construir uma nova primária na freguesia. «Já tinha mesmo negociado um terreno», próximo do Jardim de Infância de São Miguel, lembrou. Só que nada foi feito. Até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer comentário do vereador com o pelouro da Educação, Vergílio Bento. Em São Miguel, a população é maioritariamente jovem e com muitas crianças. No total, há cerca de 600 miúdos a frequentar as escolas do ensino oficial, do pré-escolar e do 1º Ciclo, fora as que estão matriculadas no ensino privado. Mas este é um número com tendência a aumentar, nomeadamente «por causa da nova organização escolar», que pretende fechar escolas nas aldeias próximas e trazer algumas dessas crianças para a freguesia, constata João Prata. Por outro lado, há um notório aumento da população escolar devido à proliferação dos bairros.

Patrícia Correia

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