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Escola Profissional da Guarda continua «só no papel»

O Governo vai apostar no ensino técnico e profissional, mas o projecto guardense aguarda financiamento

A futura escola profissional da Guarda vai continuar na gaveta até haver a garantia de financiamento. O anúncio de que o Governo vai apostar no aumento do número de vagas no ensino profissional até ao final da legislatura não trouxe grandes garantias a Marília Raimundo, presidente da cooperativa Ensiguarda – Escola Profissional, Lda., a «única» escola profissional do país que «só existe no papel», porque se encontra à espera de financiamento. No entanto, a responsável promete aguardar até 2006, uma vez que a «”esperança é a última a morrer”».

Até ao final da legislatura, o Governo propõe-se a aumentar o número de vagas no ensino profissional, mas também criar uma rede de escolas tecnológicas, orientadas sobretudo para formação de quadros intermédios. Estas são apenas algumas das medidas previstas no Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar, anunciado na semana passada pelo primeiro-ministro e apresentado pelos ministros da Educação, David Justino, e da Segurança Social e do Trabalho, Bagão Félix. Contudo, as intenções do Executivo parecem não ter criado grandes expectativas junto dos responsáveis da Ensiguarda. Marília Raimundo lamenta mesmo que a Guarda continue a ficar para trás na senda do desenvolvimento, considerando ser este um caso «único a nível nacional», visto que a escola, os cursos, os currículos dos docentes, o número de alunos e funcionários foram «completamente» aprovados pela tutela. O problema é que, das 242 escolas profissionais espalhadas pelo país, a guardense é «a única» para a qual não há financiamento, estranha a responsável. A Escola Profissional da Guarda «até tem um número oficial», acrescenta Marília Raimundo, mas mantém-se à espera do dito financiamento e continua a ser a «única» do país que «só existe no papel», reafirma.

Quanto à aposta do Governo no ensino profissional e técnico, a professora e ex-secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário no primeiro Governo de Cavaco Silva diz concordar «absolutamente» com a opção, embora lamente que a Guarda permaneça a «única» capital de distrito sem esse tipo de ensino. Até 2006, deverá ainda ser constituída uma rede nacional de escolas tecnológicas públicas, que integrem vários tipos de oferta, desde o novo ensino secundário até cursos de especialização tecnológica, passando por cursos profissionais. Esta aposta é, de certa forma, «um regresso ao ensino técnico que havia antes do 25 de Abril de 74», comenta Marília Raimundo, que também acredita ser necessário «atenuar as falhas» que existem a nível profissional. Recorde-se que o projecto foi apresentado pela Ensiguarda – cooperativa nascida de uma parceria entre a Associação de Beneficência Augusto Gil e a Associação Comercial da Guarda -, tendo sido avaliado como “muito bom” pelos técnicos do ministério, mas a falta de dinheiro de fundos comunitários inviabilizou a sua concretização. Mesmo assim, Marília Raimundo garante que a escola, que tem o apoio da autarquia, vai continuar a existir, «nem que seja só no papel, como até aqui», mas recorda que «quem manda é o poder político».

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