A acção do cônsul-geral português, Aristides de Sousa Mendes, na Segunda Grande Guerra Mundial vai ser evocada hoje em vários países por ocasião do 50º aniversário da sua morte. Também na Guarda, a Escola Básica dos 2º e 3º ciclos da Sequeira se vai juntar às comemorações com um conjunto de actividades a decorrer durante todo o dia. A homenagem ao cônsul fundamenta-se em «três grandes tributos», explica José Grilo dos Santos, presidente da Comissão Executiva Instaladora, a plantação de um cedro (árvore simbólica do judaísmo), a colocação de uma pedra com uma frase de Sousa Mendes e o descerramento da placa da biblioteca com o seu nome.
Entre os convidados destas celebrações destaca-se a presença de um elemento do Consulado de Israel, outro da Comunidade Judaica de Belmonte, para além do neto do cônsul, Major Sousa Mendes, e do representante da Amnistia Internacional, Nabais Caldeira. Do programa da jornada consta ainda, na parte da manhã, a projecção do filme “Anne Frank” e de mais dois documentários em simultâneo sobre Aristides Sousa Mendes, bem como entrevistas com o Major Sousa Mendes. Depois da visita às exposições sobre o homenageado e da entrega simbólica de cópias de “petições” enviadas ao representante da Amnistia Internacional, segue-se um lançamento de balões e de pombas com mensagens sobre os Direitos Humanos, animado por uma execução instrumental realizada pelos alunos. «Desenvolver o espírito de solidariedade nos alunos e envolver toda a comunidade educativa» são os principais objectivos desta iniciativa, refere o professor. Como a «solidariedade» e a «tolerância» são valores que devem presidir «aos princípios educativos orientadores dos nossos alunos», vai realizar-se também uma recolha de sangue. «Devemos ser solidários uns com os outros», sublinha José Grilo dos Santos, para quem «compete-nos a nós esse acto de solidariedade humana». Por isso, durante o dia de hoje vai estar estacionada na escola uma unidade de recolha do Instituto Português de Sangue.
Recorde-se que foi a 17 de Junho de 1940 que o diplomata português começou a passar vistos a refugiados de guerra, entre eles milhares de judeus, impedindo assim a sua prisão e morte às mãos dos nazis. No entanto, o cônsul-geral foi proibido de conceder esses vistos, mas como considerou que as normas eram racistas e desumanas, Sousa Mendes resolveu infringi-las. Até porque o diplomata sabia que o visto de entrada em Portugal seria a única esperança para aquela gente. Na manhã de 17 de Junho decidiu conceder vistos a todos. Trabalhou três dias e três noites, passando vistos para cerca de 30.000 refugiados. Regressou então a Portugal onde foi alvo de processo disciplinar e expulso da carreira diplomática. A sua situação económica degradou-se e Sousa Mendes morreu na miséria porque decidiu estar «antes com Deus contra os Homens do que com os Homens contra Deus». Aliás, esta sua famosa frase será colocada na pedra a descerrar em sua homenagem pelos alunos do 2º ciclo. De resto, as exposições sobre Aristides de Sousa Mendes vão estar abertas ao público até ao próximo dia 24 de Junho.