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Escavações do Mileu recomeçam este mês

A segunda fase vai servir para apurar de forma mais concreta que tipo de edificação terá realmente existido no local

As escavações na Estação Arqueológica do Mileu, na Guarda, vão ser retomadas ainda este mês, após três anos de interregno. Os trabalhos visam determinar em concreto o que existiu naquele local, junto à Capela do Mileu. Aquele núcleo histórico pode «sem dúvida» ser um local «interessante» para ser aproveitado no futuro como mais uma atracão turística da Guarda, garantiu Vítor Pereira, arqueólogo da autarquia. No entanto, por ora ainda há muitas dúvidas quanto à tipologia dos vestígios descobertos. Daí, a necessidade desta segunda fase de escavações, para se apurar definitivamente que tipo de edificação terá «realmente existido no local», adianta o arqueólogo.

Neste momento, e no seguimento da investigação levada a cabo por Bairrão Oleiro, que nos anos 50, com a colaboração do historiador Adriano Vasco Rodrigues, descobriu o núcleo histórico, sabe-se apenas que por lá passaram os romanos deixando vários vestígios no local. Além do nível inferior correspondente ao período romano dos séculos I e II, já foram encontradas outras estruturas, como «cerâmicas, muros de edifícios ou condutas de escoamento de águas», exemplifica. Também já foram descobertos alguns indícios referentes a uma ocupação medieval, mas numa camada mais superior. O projecto começou em 2000 e dois anos depois chegou ao fim. Durante essa primeira fase de escavações abriram-se seis a nove sondagens para tentar determinar a tipologia, o período, a ocupação dos vestígios e as estruturas. Ou seja, «tentou-se perceber quais os níveis de romanização daquele espaço», explica Vítor Pereira. «Foram descobertas várias estruturas, na sua maioria do período romano, em bom estado de preservação», assegura o responsável. Nesta segunda fase as sondagens deverão continuar e as escavações vão abranger áreas mais vastas, «para perceber a extensão dos vestígios, o tipo e a planta da estrutura», justifica o arqueólogo. Quanto à tipologia ainda pairam muitas dúvidas dúvidas: «Não se sabe se será uma vila romana ou uma pequena cidade, há várias hipóteses para serem estudadas», garante.

No entanto, certo é que estes achados «denotam já alguma importância em termos regionais» e que os trabalhos de investigação «já demonstraram», assegura Vítor Pereira, acrescentando que as intervenções vão avançar onde foram encontrados «os melhores níveis». E refere que um projecto como este não demora menos de quatro anos a ficar concluído. Por isso, o término das escavações «é uma incógnita», já que estão condicionadas «pelos resultados da investigação, pelos níveis de destruição ou pelo clima», especifica. Para Vítor Pereira, esta é uma obra «prioritária», uma vez que se trata de um «ponto-chave» do concelho da Guarda , «o qual deverá ser dignificado pela autarquia», sugere. Para além da própria importância dos vestígios, «é importante conhecer a realidade arqueológica daquela zona do Mileu e Castelos Velhos», considera, informando que para já não está previsto o isolamento da zona para que as pessoas possam «ver e perceber o que se está a fazer no local».

Patrícia Correia

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