Ainda não é este ano que a Escola Profissional da Guarda abre as portas. A garantia é dada por Marília Raimundo, presidente da cooperativa Ensiguarda – Escola Profissional, Lda., para quem a questão é clara: «Se não foi financiada não funciona, a não ser que alguém mude a decisão». Uma possibilidade que lhe parece bastante remota, sobretudo depois do secretário de Estado da Administração Educativa, Abílio Morgado, ter dito, em Junho passado, não existir disponibilidade financeira para viabilizar o projecto e de entretanto não ter surgido «qualquer pressão política nesta cidade», constata.
O assunto parece estar “enterrado”, pelo menos para este ano. Marília Raimundo lamenta que a Guarda continue a ficar para trás na senda do desenvolvimento, afirmando estranhar o facto de ser o «único caso a nível nacional», visto que a escola, os currículos dos docentes, dos alunos e dos funcionários foram «completamente» aprovados. Em 242 escolas profissionais do país, a guardense foi «a única» para a qual não houve financiamento, estranha a responsável, lastimando que a cidade seja a «única» capital de distrito sem este tipo de ensino, sobretudo numa altura em que o número de docentes desempregados «aumenta». Agora, Marília Raimundo diz que não lhe compete a si ou à Ensiguarda «fazer mais contactos», pelo que, para já, o processo «está terminado». Para que a escola pudesse abrir sem apoio estatal, cada aluno teria que pagar «uma fortuna» (cerca de 200 euros mensais), quando «ao lado há alunos que são subsidiados», realça a docente. Uma possibilidade que contraria os objectivos da entidade promotora e em nada coincide com as demais escolas profissionais. Em Lisboa e Vale do Tejo, por exemplo, é o Ministério da Educação quem vai financiar cada aluno através de uma bolsa de estudo, face à escassez de verbas afectas aos fundos comunitários. «Porque é que na Guarda não foi adoptado esse processo?», questiona Marília Raimundo, respondendo de imediato que a «única coisa que sei é que não há dinheiro para financiar esta escola», pelo menos foi essa a resposta dada pelo Ministério, justificando que na região Centro os fundos não chegaram para tudo.
A responsável recorda ainda que os apreciadores do projecto, apresentado pela Ensiguarda – cooperativa nascida de uma parceria entre a Associação de Beneficência Augusto Gil e a Associação Comercial da Guarda -, consideram-no «muito bom», mas a verdade é que a falta de dinheiro de fundos comunitários inviabilizou a sua concretização. Mesmo assim, Marília Raimundo garante que a Ensiguarda vai continuar a existir e para o ano «tudo tentará» para conseguir a abertura da EPG, adianta a responsável: «Fazemos os projectos, mas quem manda não somos nós», pois acima das decisões técnicas está a fundamental, que «é de foro político». Mostrando-se bastante céptica quanto ao porquê da inviabilização da Escola Profissional, a presidente da Ensiguarda defende que se trata de uma questão que só se resolve «actuando junto do poder político», algo que, certamente, caberá às diversas hostes políticas da cidade da Guarda.
Rita Lopes