Enquanto as verdes folhas voavam suavemente acariciando o vento delicado, caíam outras, já sem forças, em poças de lágrimas…
Enquanto as pétalas empalideciam, as nuvens que antes, instáveis, surpreendiam, voltaram para ficar. Enquanto o silêncio dominava a minha débil boca, a vontade de me libertar estava a tornar-se incontrolável…Um ambiente abafado tinha-se instalado dentro de mim mesma enquanto o meu corpo cansado se juntava à minha personalidade encolhida.
Desfiz-me de tudo o que me completava enquanto rasgava a roupa que tinha no corpo. Caminhei. Caminhei sem rumo…
Enquanto corria entre prados cobertos pela cor das flores que neles germinavam, punha a fraqueza de lado. Enquanto nadava em mares azuis, encontrava pedaços de mim, perdidos, esquecidos… Enquanto caminhava descalça em rios cheios de peixes em cardume, desejei ser um deles e gastar a minha vida lutando contra a corrente. Enquanto me estendia na fresca relva que enchia os campos por que passava nos meus atalhos, pensava na teimosia do sol e da luz que dele provinha em queimar a minha doce pele… Enquanto me infiltrava em rebanhos para me proteger do frio, repensava atitudes, perspectivas… Enquanto descobria o doce cheiro de uma floresta, recordava traços, feições e, por mais vontade que tivesse de desistir, não parei até definir o meu horizonte. Escalei montanhas e rompi os céus enquanto, na minha pele, o frio se entranhava…
A minha viagem havia terminado e enquanto os meus pés pisavam céus de tempestade, os meus olhos aumentavam o seu brilho revelando não só uma faceta fria e calculista mas também toda a minha coragem e confiança.
Enquanto caminhava sozinha em rochas negras, encharcada pela chuva torrencial, das nuvens que vestiam o céu, pus os olhos no infinito e pensei em como tantas vezes andamos de olhos vendados, sem sequer termos noção do escuro que nos envolve e de que os sussurros que nos fazem corar, já surgem distorcidos…
Um rebento de sol ao rasgar o céu, fez-me acordar… Pé ante pé, regressava!
Inês Corveira Rodrigues
Nº11-12ºA