Foi um final de tarde de pânico na pacata Fornos de Algodres. Houve gritos, tiros e um carro em fuga a toda a velocidade pelo meio da vila, no início de Novembro de 2006. O alvo do gangue foi a Ourivesaria Lote, na principal avenida da localidade. O disparo efectuado por um dos ladrões atingiu a varanda do edifício.
Na altura, a PJ da Guarda desconfiou logo que o assalto tinha sido obra de «gente de fora», uma suspeita que se confirmou agora. É que as autoridades acreditam que os autores do aparatoso assalto são um grupo de sete jovens, todos da zona de Valbom, Gondomar, com idades entre os 19 e 29 anos. Nos últimos nove meses de 2006, o grupo muniu-se de armas e “viajou” por todo o país, “visitando” sobretudo farmácias e ourivesarias, da Guarda ao Minho, passado por Aveiro ou Trás-os-Montes. Contas feitas são 57 os roubos à mão armada de que o Ministério Público do Porto os acusa. Curiosamente, seis dos acusados têm em comum o facto de estarem desempregados na altura dos crimes. São eles um padeiro, um picheleiro, um pintor da construção civil, um distribuidor de bebidas e um técnico de electrónica.
Para além disso, todos vivem num bairro problemático de Valbom, de onde, aliás, já terão sido organizados outros grupos relacionados com o crime violento. Há ainda um sétimo elemento que é estudante. Quatro já foram detidos em Janeiro do ano passado, outros dois em Junho. Actualmente, estão todos presos preventivamente. De resto, com base na investigação da PJ, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Ministério Público do Porto dá como suficientemente sustentado que os sete homens constituíam «um gangue organizado, uma vez que cada um tinha uma missão definida dentro da organização», adianta o JN. Muitas das centenas de pessoas afectadas pelos assaltos irão testemunhar quando o tribunal começar a julgá-los pelos crimes de que estão acusados: 57 roubos, seis roubos tentados, 21 crimes de ameaça, posse de arma proibida, falsificação, dano com violência, homicídio da forma tentada e furto qualificado.
