«Ainda nem vi como tenho a cara». Eram visíveis as marcas de violência no rosto de Carlos Nunes depois de ter sido surpreendido, anteontem, por três assaltantes pouco passava das 19h30. O proprietário do Quiosque de S. João (Guarda) encontrava-se a arrumar o espaço quando o primeiro encapuçado entrou e lhe apontou uma arma, provavelmente de plástico.
«Apontou-me a pistola logo à entrada e até pensei que se tratava de uma brincadeira», disse Carlos Nunes a O INTERIOR. «A minha reação foi lançar-me a ele para o tentar imobilizar. Começámos a lutar e surgiram mais dois que foram diretos ao dinheiro enquanto o outro me batia na cabeça», refere. Segundo o proprietário, os ladrões deviam ter cerca de 20 anos: «Eram portugueses e pela voz ainda eram novos», garante. O comerciante conseguiu libertar-se e ainda tentou fechar o trio dentro do estabelecimento, mas estes aperceberam-se e fugiram. Um deles, que levava a pasta com o dinheiro, caiu ao ser pontapeado nas pernas por Carlos Nunes, que procurou evitar o roubo de um dia de trabalho. «Levaram o dinheiro todo, não sei quanto de momento, mas esvaziaram a caixa registadora e roubaram o montante da venda das lotarias», indica.
O tabaco, habitualmente furtado nestas situações, foi deixado intacto. «Aconteceu tudo numa questão de segundos, foi muito rápido. Tentei reagir e evitar isto, mas infelizmente não fui capaz», lamenta Carlos Nunes. Apesar dos gritos e do aparato, ninguém respondeu ao pedido de ajuda do proprietário, que encontrou a rua deserta quando se opôs aos ladrões. Esta foi a primeira vez que o gerente do Quiosque de S. João foi assaltado em mais de 20 anos neste tipo de comércio. Assustado com a ocorrência, o comerciante pondera mesmo alterar o horário de funcionamento do espaço: «Devo passar a fechar às 19 horas, não me vou arriscar mais a isto», reitera. A PSP da Guarda dirigiu-se logo ao local para registar a queixa de Carlos Nunes, que se deslocou depois ao hospital.