Em Dezembro de 2006 havia 6.121 desempregados no distrito da Guarda. Destes, 1.616 eram residentes do concelho da Guarda. Estes números representavam um ligeiro aumento em relação a anos anteriores e eram consequência, sobretudo, da continuada vaga de falências de empresas dos têxteis, confecções e calçados. Mesmo assim nada de muito grave, que a taxa de desemprego no distrito era inferior à média nacional e parecia, parece ainda, que a falência das indústrias tradicionais está a ser compensada com a criação de emprego noutras áreas. Outra explicação, menos agradável e porventura mais correcta, reside no despovoamento e no envelhecimento da população no distrito. Afinal de contas, os que se reformam, os que partem e os que morrem deixam de contar para as estatísticas do desemprego.
Em 2007 verifica-se um ligeiro aumento do desemprego a nível nacional mas não é fácil desmultiplicar os números do INE ao nível do concelho e muito menos do distrito. A adopção das NUTS II ou NUTS 2002 (acrónimos para “Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos”) como referência para os dados trimestrais pouco mais nos permite saber que na região Centro em geral, o desemprego, no terceiro trimestre de 2007, rondava os 5,1%. Mais uma vez, nada de muito grave.
Para a nossa região anunciam-se ou estão em curso investimentos potencialmente geradores de muitos postos de trabalho. Neste mesmo jornal foi anunciado há semanas um “Call Center” na cidade que poderá criar 600 postos de trabalho. O centro comercial da Avenida dos Bombeiros, a inaugurar no terceiro trimestre de 2008, poderá criar mais mil postos de trabalho e a PLIE, com os trabalhos a correr a bom ritmo, implicará a criação de mais umas (largas) centenas. É sabido ainda que várias grandes superfícies comerciais preparam a sua chegada à cidade, prevendo-se ainda um segundo centro comercial na zona do actual mercado municipal. Mesmo descontando a precária situação da Delphi, que poderá continuar a desinvestir, há que tirar uma conclusão: se tudo correr bem, vai haver falta de mão-de-obra na região a curto prazo. Nada, evidentemente, que se não resolva como se tem resolvido no passado, com gente a despedir-se dos seus anteriores e mal pagos empregos, na Guarda, em Pinhel, Belmonte ou Celorico, ou mais longe ainda, para tentar a sua sorte nas novas empresas.
Seja como for, os próximos anos poderão ser decisivos para a região, pelo montante dos investimentos e pela quantidade de postos de trabalho a criar, directa ou indirectamente. Esperemos que haja gente qualificada para os preencher e que se saiba aproveitar bem esta oportunidade.
Por: António Ferreira