A emigração para França nos anos 60 é o tema central da nova peça do Projéc~, que está em cena no TMG até sábado. Em “D’Abalada”, o ator Luciano Amarelo encarna esta odisseia de sofrimento, esperança e busca por uma vida melhor.
«Partindo da narrativa, do fragmento, da plasticidade do corpo e do espaço, do poder de sugestão dos mais simples objetos e dos espaços sonoros que a música proporciona, pretende-se evocar os fantasmas de uma das mais marcantes e esquecidas aventuras portuguesas do século XX», adianta o também encenador. Luciano Amarelo acrescenta que em “D’Abalada” procura-se explorar «a ideia da viagem, da perda de identidade, do limbo entre a cultura de onde se parte e da cultura onde nunca se chega realmente, da vida entre parêntesis, vivida entre o sofrimento, a ausência, a memória, a alegria das pequenas coisas e a busca da dignidade de um dia ter abandonado o conforto de lugares e afetos para procurar um futuro». A peça tem autoria e dramaturgia de Jorge Palinhos, com música e sonoplastia de Kubik (Victor Afonso), e resulta de um co-produção do Projéc~ com a Associação Terra na Boca (Porto).
É a 13ª produção da estrutura de produção teatral do TMG. O Projéc~ é um projeto cultural que se pretende irreverente e ativo na Guarda, onde não havia um grupo profissional nesta área. José Neves (ator do Teatro Nacional D. Maria II), Luciano Amarelo, Rui Nuno (Centro Dramático de Évora) e Américo Rodrigues, ator, encenador e diretor do TMG, constituem o núcleo duro desta iniciativa. A peça “E outros diálogos”, de João Camilo, foi a primeira proposta do Projéc~, em 2006, que desde então produziu, entre outros espetáculos, a ópera “Na Colónia Penal”, de Philip Glass, segundo um conto de Kafka, e a peça radiofónica “Senhor Henri”, de Gonçalo M. Tavares.
