A Associação dos Amigos da Amendoeira, criada para acordar do marasmo que se vem vivendo há quinze anos, porque não se aproveitaram as ajudas para o sector da amêndoa, (…), acredita que é possível voltar a apostar nos amendoais porque, ninguém duvide, a amendoeira tem futuro. No semanário “A Voz de Trás-os-Montes”, um artigo com o título “A Nova Filoxera ou as Vinhas da Ira?” reforça o que vimos afirmando. Vemos o que vem sendo o sacrifício do viticultor que tem suportado preços de 5 e 10 contos por 750 quilos de uvas, correspondentes à pipa de 550 litros. Podemos também referir um quilo de azeite a 350, 400 ou 500 escudos e concluímos que, porque para esse quilo são precisos entre 6-8 ou mesmo, nalguns casos, 12 quilos, é uma Loucura!… Porque será que pagam estes preços ao agricultor que entregou a azeitona no lagar da sua cooperativa e que este tem que pagar 840 se lá for buscar uns litros, porque precisou?
Porquê então, sendo um quilo de amêndoa em casca a cem escudos (pode chegar aos cento e cinquenta desde que se aproveitem as ajudas da PAC), assistir-se ao arranque intensivo de amendoeiras com o argumento de que não dá para a apanha? Os números referidos darão para a vindima ou para se insistir na plantação de oliveiras? Já alguém pensou que não chegam duas pipas de vinho para pagar a um trabalhador numa semana?
(…) Nós, os produtores de amêndoa, já nos estamos a organizar há muito tempo. É preciso realmente que despertemos para a necessidade de se plantar cada vez mais amendoais, que, para além do seu valor económico, cultural e turístico, podem contribuir para travar a desertificação deste mundo rural. Não será verdade que os amendoais devidamente cultivados servem de corta-fogos em época de incêndios? (…) Se, como dizem os nossos vizinhos, o sector a amêndoa na Europa não sobrevive sem ajudas e continuam a crescer, plantando, é porque acreditam que a amendoeira tem futuro. Nestas nossas terras também tem futuro se as entidades competentes se empenharem nesse sentido. Basta que os senhores autarcas dos concelhos produtores se preocupem, tenham um pouco de vocação agrícola e, porque não, o Exmo. senhor ministro da Agricultura, à semelhança do que faz com os olivais, apele à plantação de amendoeiras.
A direcção da Associação dos Amigos da Amendoeira, Freixo de Numão