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Em balanço

Corta!

Findo o primeiro trimestre do ano, tempo de deixar tudo arrumado, recordando o que já ficou para trás e assim partir para novas aventuras cinéfilas. E num ano que tanto prometia, a palavra de ordem tem sido a da desilusão. Nomes como Woody Allen ou Tim Burton, que nos fazem sempre esperar coisas boas, revelaram o seu lado menos inspirado – em especial Allen – e desilusões destas não são fáceis de ultrapassar, para mais quando não surgem filmes suficientemente bons para que tais «acidentes» se tornem menos visíveis.

Sem cortes!

A merecer nota máxima e atenção imediata, neste ano, apenas nos surgem dois filmes. O inesquecível «Lost in Translation – O Amor é um Lugar Estranho», de Sofia Coppola e «21 Gramas», a vibrante segunda longa-metragem de Alejandro González Iñárritu. Dois filmes que seguramente figurarão na lista de melhores do ano de muita gente.

Pequenos cortes!

Sem a genialidade dos dois filmes atrás referidos, mas a merecerem a atenção de todos, este ano já nos ofereceu «In America», mágico filme de Jim Sheridan que, infelizmente, está a passar ao lado de muita gente e que é urgente descobrir. O francês «O Seu Irmão», e o mais reconhecido por ter dado uma nomeação a Eduardo Serra, «A Rapariga do Brinco de Pérola», são também duas das mais interessantes propostas deste inicio de ano, a par de «Os Friedman» e «American Splendor», duas curiosas propostas de um certo cinema americano colocado à margem da indústria.

Corta p’ra metade!

Quem decida ver «Mona Lisa Smile», com Julia Roberts num papel feito à medida do seu sorriso; o ligeiramente desconcertante «A Estranha Vida de Igby»; o «novo» manifesto teenage angst de Larry Clark «Bully»; «Coisas Secretas» numa descida kubrickiana a algo habitualmente vedado ao nosso olhar; «Uma Casa na Bruma», ou «Monstro» e «A Paixão de Cristo» de que se falou aqui recentemente, terá de o fazer por sua conta e risco. Não são bons, nem são maus, e no meio de tal indecisão até podem mesmo ser brilhantes. Se em todos os filmes cada um tem a sua opinião, nestes mais facilmente tal se verifica.

Corta! Corta! Corta!

E como em tudo, há sempre os outros. Mas porque motivo ainda existem filmes como «Treze – Inocência Perdida», ou «In The Cut», ou «Cold Mountain», ou até mesmo o já referido último filme de Woody Allen?! Isto, claro, para já não falar de todos aqueles filmes que, não é preciso ser um génio para saber que é preciso manter uma confortável distância. Se bem que um «Torque» de vez em quando deve fazer maravilhas. Para a semana coisas novas, enquanto se espera por Vincent Gallo, qual Dom Sebastião.

Por: Hogo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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