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Elevação de Trancoso a cidade é «corolário do trabalho feito»

Júlio Sarmento considera que deveria ter havido «mais critério e rigor» da Assembleia da República na análise de outros casos

«É uma medida justa, tendo em conta o nosso património e passado histórico, mas também o desenvolvimento económico e urbano que apresentamos actualmente». É desta forma pragmática que Júlio Sarmento recebeu a confirmação de que Trancoso era uma das nove vilas portuguesas que viram a Assembleia da República aprovar, na última sexta-feira, o seu processo de elevação a cidade. O autarca mostrou-se de igual forma satisfeito com a promoção da freguesia de Vila Franca das Naves a vila.

A elevação de Trancoso a cidade era algo que o edil «já esperava», embora «não vivesse com sofreguidão» e como tal não deitou «foguetes» por entender que «não se tratou de um favor», sublinha. O novo estatuto conquistado é o «corolário de um trabalho feito por todos: Câmara, Juntas de Freguesia, empresários, pessoas que cá vivem e trabalham», faz questão de frisar Júlio Sarmento. De resto, Trancoso «tem vindo a conhecer um desenvolvimento sustentado», tendo obtido, a nível distrital, a segunda maior taxa de crescimento urbano logo a seguir à Guarda e o terceiro melhor resultado demográfico nos últimos censos. O edil trancosense diz mesmo que a novel cidade já é «um centro de importância sub-regional», dispondo de um conjunto de unidades que “mexem” com vários concelhos vizinhos como são os casos da Escola Profissional, da ACITAM – Associação Comercial e Industrial dos concelhos de Trancoso, Aguiar da Beira e Mêda – ou do GAT – Gabinete de Apoio Técnico. Aliás, o concelho tem vindo a ser procurado por vários empresários que têm feito um conjunto de investimentos que «só por si já supõem uma atractibilidade». «Há um conjunto grande de empreendimentos privados que mostram, de alguma forma, o progresso e o desenvolvimento que Trancoso tem sustentavelmente vindo a alcançar», reforça Sarmento, dando o exemplo, entre outros projectos, das unidades hoteleiras.

O autarca salienta ainda que o município tem vindo a investir em várias áreas, «sempre com grande qualidade urbanística e arquitectónica», e para o futuro vai mudar o «grau de exigência das pessoas para com a Câmara», reconhece. Outro motivo de regozijo prende-se com a elevação de Vila Franca das Naves a vila. «Se o facto de Trancoso passar a cidade era uma questão de justiça, o caso de Vila Franca das Naves era algo que também já se justificava devido à série de equipamentos que aquela freguesia dispõe», sublinha. Contudo, o autarca entende que os processos de elevação devem ser «vividos com grande dignidade», tendo sido essa a razão por que a autarquia contactou os grupos parlamentares do PSD e PS. «O que penso ser caso único, pois são os dois maiores partidos que sustentam os processos de elevação de Vila Franca das Naves a vila e de Trancoso a cidade», sublinha, escusando-se a comentar a alegada relutância demonstrada pelos deputados sociais-democratas eleitos pelo círculo da Guarda em assinar o documento. «Sobre esse assunto teria muito para contar, mas para já prefiro não o fazer», afirma. Quanto ao facto de outras duas vilas do distrito passarem também a cidades, Júlio Sarmento saudou os «habitantes e os autarcas» do Sabugal e da Mêda. No entanto, considerou que deveria ter havido «mais critério e rigor» no Parlamento aquando da análise dos processos de elevação: «Foi utilizado um juízo acrítico que acaba por conceder de uma forma pouco criteriosa o mesmo estatuto a todos», considerou, não se querendo alongar em mais comentários.

Ricardo Cordeiro

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