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Eleições à vista na Junta do Marmeleiro

A falta de entendimento entre os elementos da Junta de Freguesia do Marmeleiro (Guarda) resultou na renúncia dos candidatos do CDS-PP e do PS. A autarquia deverá agora ser gerida por uma comissão administrativa até às eleições intercalares, que ainda não têm data marcada.

Nove meses após as autárquicas, a Junta e a Assembleia de Freguesia ainda não tomaram posse e, brevemente, os habitantes serão novamente chamados às urnas para escolher os seus representantes. Isto porque, em junho passado, Edite Barbeira (CDS-PP) e Joaquim Martins (PS), segundo e terceiro candidatos mais votados, respetivamente, renunciaram ao mandato dado o impasse governativo que se vive na freguesia desde outubro.

Nas últimas eleições David Barbeira (PSD) ganhou com 42,56 por cento dos votos e três mandatos na Assembleia de Freguesia, os mesmos que a centrista, que obteve 35,64 por cento dos sufrágios, enquanto o socialista ficou-se pelos 14,53 por cento e conseguiu um mandato. Perante este resultado, tanto o CDS-PP como o PS «sempre estiveram disponíveis para constituir uma equipa de trabalho para responder aos anseios e vontade dos nossos eleitores», recorda Edite Barbeira, constatando que essa intenção não foi aceite pelo presidente eleito, que recusou abrir mão de dois lugares no órgão executivo da Junta. «Preferiu manter-se sozinho, impedindo a constituição dos órgãos autárquicos e prejudicando os nossos concidadãos», lamenta a candidata, segundo a qual todas as tentativas de formar a Junta «esbarraram na obstinação» do presidente.

«Para além disso, os documentos relativos à gestão da freguesia, tal como as contas, atas e outras informações importantes e pertinentes, nunca foram disponibilizadas», denuncia Edite Barbeira, para quem o social-democrata fez da Junta um «quintal pessoal» e achou que «não tinha que prestar contas a ninguém». No início do mês passado os candidatos do CDS-PP e do PS resolveram renunciar ao mandato e, por agora, aguardam que as entidades competentes cumpram as formalidades «a que estão obrigadas» para marcar eleições intercalares. «Esperamos que não seja um processo moroso, pois a gestão da freguesia não se compadece com perdas de tempo, que já perdemos demais», sublinha a centrista, que se escusou a comentar a possibilidade de CDS-PP e PS concorrerem coligados. «Aguardamos a convocatória do ato eleitoral para tomarmos as nossas decisões», disse Edite Barbeira.

Quanto ao futuro da freguesia, a eleita reitera quer quer trabalhar para «a valorização da freguesia de uma forma transparente, competente e respondendo às necessidades dos nossos concidadãos». Edite Barbeira disse-se também «convicta» de que a população «saberá distinguir o trigo do joio na hora de votar e o que é melhor para a freguesia». E no caso de se repetir o resultado de outubro passado nas eleições intercalares, a centrista e o socialista garantem que vão assumir uma posição «de conciliação e de disponibilidade» para trabalhar pela freguesia. Contrariando o que foi defendido pelo presidente em maio (ver O INTERIOR de 03-05-2018), Joaquim Alves acredita que com os três eleitos no órgão executivo a Junta «ia funcionar às mil maravilhas» e reitera que «sempre estivemos abertos e disponíveis» para o diálogo. «Não é por mim nem pela Edite que a Junta não é formada», sublinha o socialista, que considera que David Barbeira «não está preparado» para assumir o papel de presidente.

«Teve hipótese de abdicar só de um lugar, mas disse que não. Só em abril é que abriu mão de um lugar», confirmou Joaquim Alves, lembrando que o CDS-PP e o PS “formaram” uma «maioria democrática e não uma maioria de bloqueio». «Sempre estive e sempre estarei [disponível para] um entendimento com todos em prol da freguesia» do Marmeleiro, acrescenta o socialista.

David Barbeira «tranquilo» com a situação

«Eu não sei de mais nada, só estou à espera que o Ministério da Administração Interna marque as eleições», disse David Barbeira, adiantando que vai concorrer de novo para não «desapontar» as pessoas «que confiaram em mim». O social-democrata, eleito presidente em outubro, considera que este impasse era «desnecessário» e garante que se mostrou disponível para formar uma coligação com um dos dois candidatos: «Propus à candidata do CDS e ao do PS fazer uma coligação comigo. Eles entenderam que não, que tinham que entrar os dois», lamenta David Barbeira. Quanto às eleições que se avizinham, «não sei se vão concorrer coligados ou separados, mas quem escolhe é o povo», afiança o social-democrata, que se mostrou «tranquilo» com a situação. «As expectativas são as mesmas, é servir a freguesia», reforçou David Barbeira.

Sara Guterres Eleitos do CDS e do PS renunciaram ao mandato e provocaram novas eleições

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