Foi dado o tiro de partida para as autárquicas do próximo mês de Outubro. Nos concelhos da Cova da Beira – Belmonte, Covilhã, Fundão e Penamacor – os actuais presidentes recandidatam-se e, à excepção de Belmonte, prevê-se uma vitória fácil para os actuais detentores do poder.
Em Belmonte, a candidatura de um ex-presidente, Dias Rocha, veio baralhar as contas. A enchente que se registou na apresentação do candidato superou as expectativas da candidatura e deixou dúvidas acerca do vencedor.
Em Penamacor, Domingos Torrão volta a ter o apoio do PS. Depois de ter concorrido contra o seu próprio partido nas eleições anteriores, o autarca recandidata-se e, muito provavelmente, vencerá de novo.
Na Covilhã e no Fundão vivem-se situações semelhantes. Ambos os candidatos sucederam a mandatos socialistas marcados pela inércia e, por isso mesmo, reuniam todas as condições para brilharem. Foi o que acabou por acontecer, com Carlos Pinto e Manuel Frexes a conseguirem uma boa dinâmica nos últimos quatro anos.
Independentemente da obra realizada, é sempre possível fazer mais e melhor. Quem tenha estado minimamente atento, percebeu que os mandatos não estiveram isentos de estratégias discutíveis ou investimentos de interesse duvidoso. No entanto, por absoluta inépcia das oposições, nada passou para a opinião pública.
Na Covilhã, o único vereador da oposição fez o que lhe competia, mas a manifesta falta de apoio da comissão política concelhia deitou tudo a perder.
No Fundão, a situação vivida nestes quatro anos foi caricata, com os vereadores socialistas em permanente conflito com a sua própria comissão política.
Na prática, durante três anos e meio, a oposição resumiu-se a uns lampejos pouco visíveis aos olhos da opinião pública, pelo que a aparente unanimidade em torno do trabalho desenvolvido nestes concelhos acaba por ser natural.
A três meses das autárquicas, esperava-se que a discussão subisse de tom, mas parece que tudo vai ficar pelas mornas apresentações dos cabeças de lista do PS e, no caso de outros partidos, nem isso. Visto de fora, a oposição parece carregar já o peso da derrota vindoura e as eleições serão apenas para cumprir calendário.
É pena que assim seja, porque a fraca oposição aos poderes instalados é má para a democracia. Em primeiro lugar, porque a total ausência de debate gera uma opinião pública mal informada. Em segundo, porque os vencedores antecipados prestam menos atenção à constituição das equipas e à redacção de programas eleitorais.
O resultado final é a eleição de autarcas menos preparados e menos comprometidos com os seus eleitores, o que enfraquece a democracia.
Por: João Canavilhas