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Efémero, o Poder

Agora que se inicia um Novo Ano é inevitável o paralelismo que podemos estabelecer com o que se passou há 3 anos. Também então nos preparávamos para eleger um novo governo para Portugal, no entanto a sensação que tínhamos é díspar da actual. Na altura, como agora, sentíamos a crise económica que depredava o país. Faltava-nos no entanto a esperança que agora temos de eleger um governo com uma verdadeira ambição para o país, já que os governos de coligação se limitaram à vã tarefa de tentar estagnar o défice, acabando apenas por estagnar a economia passando-nos de um défice real de 4% para 6%.

Nas hostes sociais-democratas ainda haverá por ventura quem se interrogue sobre as razões que levaram à dissolução do parlamento, ser-lhes-ia útil talvez, estabelecer analogia com a gestão de Santana Lopes em Lisboa onde muitos prefeririam que todo o mal se ficasse pela infestação de cartazes…

No nosso distrito a perspectiva de que não seria esta a melhor altura para o PSD disputar eleições custa a encarar com seriedade se levarmos em conta que este governo quase não tem obras acabadas, iniciadas ou em projecto, como é facilmente inteligível numa rápida leitura do PIDDAC para 2005. Enquanto guardenses creio que experimentamos também alívio ao ver que com 2004 finda este estenosante governo de coligação. Das portagens ao fim do Polis, do eventual encerramento da maternidade às polémicas que envolveram a não construção do novo hospital, do conturbado processo de criação das áreas metropolitanas ao esbatimento dos incentivos à localização de empresas no Interior, tudo demonstra o papel secundariíssimo que esta região assumiu para o governo.

As legislativas processam-se por círculos eleitorais coincidentes com os distritos, será assim interessante ver o que pensam os candidatos a deputados sobre alguns temas prementes, como é o do distrito como elemento unitário, e o que pensam sobre a melindrosa, contudo indeclinável, questão da regionalização, serão contrários ou favoráveis? Neste último caso de que forma pensam manter a identidade e capitalidades existentes? E já agora, como pensam atrair investimento e capital humano à nossa região? É também nas respostas honestas a estas questões que devemos ir buscar orientação para exercermos os nossos deveres democráticos.

Seria de esperar que numa lógica de renovação, se apresentassem a votos outros protagonistas capazes de um melhor resultado eleitoral, lógica esta incompatível com o carreirismo, valor central do sistema partidário actual. Talvez seja sintomático disto mesmo que os dois representantes das juventudes partidárias do PSD e do PS tenham sido alvos de processos de impugnação dos seus processos eleitorais, poderemos ver nos júniores aquilo que é dissimulado nos séniores?

Por: Pedro Guerra

* Médico

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