Vivo no que muitos chamam de “pequena aldeia do interior” e, embora isso não apraze alguns, o progresso cá tem chegado… devagarinho…
Em pouco tempo conseguimos um espaço Internet, um lar que “dá vida” a jovens e idosos da aldeia e dos arredores, formações que permitem obter o 9º ano e ter um nível em informática mais do que razoável. Somos uma das poucas freguesias que, com 300 habitantes, consegue ter um restaurante, uma churrasqueira, uma cabeleireira, uma mercearia, um talho, dois cafés, três peñas (isso também conta, não?), sem falar dos empreiteiros e outros patrões da construção civil. Para quem, como eu, só cá vive há pouco mais de três anos é assombroso!
Só que…Há pouco mais de dois anos e meio começaram as grandes manobras na Rebolosa: os esgotos. E como tudo o que vem acontecendo de bom em Portugal, vai levando o seu tempo. Não vou criticar o facto de ter ficado mês e meio sem água em casa, porque ouvi dizer que era frequente e que para se ter as coisas é preciso sofrer um pouco… (como numerosos cidadãos do interior tenho um “furo” no quintal, dá para ir abastecendo).
O que me surpreende um pouco mais é a falta de sinalização e de segurança das obras. Será normal encontrar uma rua intransitável apenas quando se chega a meio da via? Será normal ficar sem acesso a casa (mesmo que seja apenas por algumas horas) sem ter sido avisada previamente? Será normal ficar, todo o fim-de-semana, com um rego de quatro metros de fundo e 10 metros de comprimento perto de casa e este não estar devidamente acautelado? Será normal chegar aos ouvidos de um utente (porque é isso que somos) que emite uma divergência ou uma reclamação, que “o(a) engenheiro(a) já viu… já concordou… já informou… já ordenou… mas o Sr.… faz como achar melhor”? Afinal, quem manda? Quem sabe? Quem fica para trás?
Concordo que as grandes obras numa pequena freguesia não se fazem sem incómodos. (…) Mas acho que um pouco de cortesia, de civismo e de altruísmo por parte dos “donos da obra” e dos “diligentes da obra” seriam bem-vindos. (…). Não me considero nem melhor nem pior do que 99 por cento da população (o 1 por cento é tema para outro artigo…). Considero-me membro de uma comunidade que, embora vivendo longe dos grandes centros, percebe minimamente o que se pode ou deve fazer em determinadas circunstâncias. E acho que, por vezes, as coisas não se fazem como devem porque quem mandam passa o tempo a atirar a “batata quente” para os outros. O problema é que muitas vezes quem leva com ela na cabeça somos nós… Eles contentam-se em voltar a apanhá-la, perguntar se está tudo bem connosco e, sem ouvir a resposta, voltar a passar a batata. Não nos devemos mover nas mesmas esferas…
Cecília Afonso, Rebolosa (Sabugal)