A cerca de cinco meses das autárquicas, o PS continua sem candidato próprio em Aguiar da Beira, havendo militantes descontentes com o processo e que acusam a presidente da concelhia de fazer campanha pela candidatura independente liderada por Joaquim Bonifácio. A dirigente frisa que o processo autárquico ainda não está concluído, enquanto o presidente da Federação do PS realça que é à concelhia que compete indicar o candidato.
Recorde-se que em março (ver edição 691), O INTERIOR noticiou a hipótese de Joaquim Bonifácio avançar como independente com o apoio do PS. Na altura, Rita Mendes, presidente da concelhia, admitia que esse era «um dos cenários possíveis», mas que nada estava definido. É precisamente esta indefinição que está a gerar descontentamento nalguns militantes de Aguiar da Beira, como é o caso de Luís Monteiro, que garante que Rita Mendes será a número dois da candidatura independente, onde «tem familiares diretos e pela qual anda a fazer campanha». Além disso, acusa a dirigente de «não fazer reuniões na concelhia para encontrar candidatos» e de estar «a retardar o processo para que daqui a três, quatro meses não se possa encontrar ninguém em condições de protagonizar uma candidatura forte pelo PS». O militante, que presidiu à concelhia local da JS no final da década de 90, considera «inadmissível» que a líder da secção aguiarense não tenha marcado «nem um plenário para debater o assunto», considerando que «o processo do candidato do PS em Aguiar da Beira está totalmente a zero».
Também o líder distrital dos socialistas não escapa às críticas de Luís Monteiro, que acusa José Albano Marques de «compactuar com este jogo político» e de «não dar “um murro na mesa”» para acabar com a situação, recordando que o presidente da Federação e Rita Mendes trabalharam juntos no Centro Distrital de Segurança Social da Guarda. O contestatário diz haver «uma grande franja de militantes» que partilham do seu descontentamento, entre os quais a vice-presidente da concelhia, Ana Lacerda. E avisa: «Se o PS não for a votos é escandaloso» porque «há quatro anos o partido teve mais de 1.600 votos, a maior votação de sempre e tinha grandes hipóteses de ganhar a Câmara este ano». O militante contesta que «não há uma estratégia definida para o concelho» e «mesmo que o PS venha a apoiar a lista independente, Rita Mendes nem sequer pediu uma posição aos militantes e anda já a fazer campanha e aparições públicas lado a lado».
Confrontada com estas críticas, Rita Mendes foi parca em explicações, remetendo declarações para quando o processo «estiver concluído». No entanto, sempre acrescentou que Luís Monteiro «não é militante da concelhia de Aguiar da Beira e não me recordo de ter visto esse estimado amigo nas campanhas do PS nas penúltimas e últimas eleições». Sobre a possibilidade de vir a ser a número dois de Joaquim Bonifácio, a líder da concelhia não confirmou, nem desmentiu. Perante esta posição, Luís Monteiro enviou a O INTERIOR uma cópia do seu cartão de militante, salientando que não está «contra ninguém, mas a favor do PS». Por sua vez, José Albano Marques estima que «brevemente» a concelhia se irá pronunciar sobre essa matéria, optando por não comentar a possibilidade de Rita Mendes ser número dois da lista independente. O presidente da Federação do PS da Guarda garante que o partido tem feito «o mesmo apelo a todos os presidentes de concelhia» para serem essas estruturas a indicar os nomes dos candidatos. O dirigente adiantou ainda que, em Almeida, o nome do candidato socialista deverá ser conhecido «brevemente».
Ricardo Cordeiro
