P – Como surgiu a ideia de fundar a AJAS na Covilhã?
R – Num contexto social e económico cada vez mais propício à carência e à necessidade é imperativo sermos mais solidários. A AJAS surge de um encontro de vontades disponíveis em ajudar e é neste sentido que nós, 15 jovens, alunos e ex-alunos da UBI, fundámos esta associação com o intuito maior de promover e incitar a palavra “ajuda” na cidade que nos acolheu e nos viu crescer.
P – Que trabalho desenvolve?
R – Temos por objetivos apoiar jovens em dificuldades financeiras, quer sejam do ensino universitário ou do secundário, por forma a evitar o abandono escolar, fornecer mecanismos de apoio a famílias em dificuldade económica ou social e ajudar idosos em situação de abandono ou de risco. Para tal, funcionamos em cinco grupos de trabalho distintos que desenvolvem, entre outras coisas, a investigação para avaliação das necessidades da população, o estabelecimento de parcerias com empresas e organismos públicos/privados associados à cidade e a criação de um banco de voluntariado e de emprego.
P – Apoiar jovens universitários em risco de abandono escolar é uma das vossas prioridades?
R – Sim, o apoio aos jovens, universitários ou não universitários, com dificuldades financeiras é um dos pontos de ação primordiais da AJAS. Contudo e, relativamente aos jovens universitários, além da ajuda financeira, gostaríamos de cooperar na procura de um part-time, na escolha de um alojamento mais económico, no desenvolvimento de parcerias com algumas empresas, de forma a diminuir os custos associados ao material escolar e, por último, na alimentação, quer pelo incentivo nas cantinas sociais ou mesmo na compra dos próprios alimentos.
P – Têm conhecimento de jovens que passem por situações de extrema necessidade?
R – É por nós conhecido do contacto pessoal com colegas de faculdade, bem como da própria Universidade e dos seus organismos, como a AAUBI, que a precariedade nos jovens universitários é uma realidade que sempre existiu, mas agora com maior gravidade e frequência. Acreditamos que sendo jovens, colegas ou amigos destes, alcançaremos um reconhecimento mais acessível e atempado desta emergente questão social.
P – Quais as próximas iniciativas que tem agendadas?
R – Participámos recentemente no evento mf24 como equipa de empreendedorismo social, conseguindo angariar donativos a aplicar em cinco causas sociais e alargar consideravelmente o nosso leque de sócios. De futuro, estaremos presentes no acolhimento aos alunos recém-chegados à UBI, averiguando desde logo as suas necessidades e fornecendo disponibilidade e abertura na sua resolução, e faremos a nossa apresentação oficial para a comunidade, no início do próximo ano letivo, na qual, nomeadamente, celebraremos protocolos com instituições parceiras.
P – Como o próprio nome indica, a AJAS é composta fundamentalmente por jovens. Porquê esta opção?
R – A equipa fundadora, bem como os sócios efetivos, preenchem um critério de idade mais jovem de facto. Contudo, ressalvo que os sócios benfeitores ou honorários não preenchem este critério, salientando que qualquer ajuda é agradavelmente bem acolhida, independentemente da idade, género ou raça. Jovens, pois trata-se de uma característica associada à formação de toda a ideologia e equipa fundadora da AJAS e porque acreditamos que formaremos um motor promotor de solidariedade e interajuda entre estes. Além do realizar, importa alertar, incitar e fomentar a palavra “ajudar”.
P – Em tempos de crise, a solidariedade ganha mais importância?
R – Não diria “mais importância”. A solidariedade é, acima de tudo, uma responsabilidade e uma competência de qualquer ser humano perante a dignidade humana. A nobreza e a necessidade desta condição é algo de uma atualidade extrema em qualquer momento. Hoje, dada a conjuntura económica, priorizamos o aspeto financeiro. Todavia, um ato solidário não visa apenas a angariação/doação monetária, mas, de igual forma, o ajudar, colaborar o cooperar com o outro num gesto gratuito, deveras enormemente gratificante.