Parece que a grande virtude está apenas e só na apresentação de fulano e beltrano a integrar as listas de candidatos às eleições legislativas. Preocupa-me sobremaneira na pré-campanha eleitoral que os eleitores, que deveriam ser na essência da “democracia burguesa” os pilares fundamentais na renovação e mudança efetiva, se mantenham alheados e afetados pelas consequências nefastas das políticas do governo PSD/CDS, desde logo numa área que o Governo tenta tirar proveito da máquina de propaganda que montou. Assim está a acontecer com os números do desemprego, que, segundo dados do INE, estaria a baixar, o que levou o Governo a tamanha gritaria à volta do mote «continuamos no bom caminho», incompreensivelmente, assistimos à UGT a ser muleta da propaganda da direita.
Não podemos escamotear uma profunda e dolorosa realidade do mercado de trabalho, o aumento exponencial do recurso aos contratos de emprego de inserção, os antigos POC, quer na administração pública, quer nas IPSS. Mais, «os números do desemprego – como refere o PCP – refletem cada vez menos a realidade do mercado de trabalho. É isso que se expressa na evidente contradição entre os 210 mil empregos destruídos nos últimos quatro anos e a existência de apenas 40 mil desempregados a menos. São números que escondem a realidade e o que PSD e CDS sublinham como um elemento histórico tem como base 500 mil portugueses que foram obrigados a emigrar, 250 mil inativos que desejariam trabalhar e que não contam para a estatística e os 240 mil que estão em situação de subemprego».
Não há uma verdadeira política de esquerda sem o rompimento dos espartilhos dos tratados europeus e a renegociação da dívida.
Outra falácia da propaganda que é desmentida pela realidade nua e crua e em que até o próprio FMI, na sua avaliação à situação nacional, se viu na necessidade de pôr água na fervura. As declarações do FMI mostram também que a “troika” não se foi embora e continua a monitorizar a realidade portuguesa. Não há «saída limpa» agitada pelo governo PSD/CDS, bem como com as piruetas do PS, estes três partidos que assinaram o pacto de agressão mantêm-se comprometidos com os mesmos constrangimentos da submissão externa com que é preciso romper. Não me admira que a comunicação social omita o trabalho de investigação nos esteios consagrados do novo pacto de agressão entregue na UE, emerge apenas os ditos 600 milhões de cortes nas pensões, mas no essencial mantêm-se intocáveis os princípios ideológicos de destruição das funções sociais do Estado, não venham com o argumento do financiamento que é o “calcanhar de Aquiles”.
Querem continuar a utilizar o dinheiro pago pelos impostos dos contribuintes para financiar as parcerias público-privadas através de estratégias subterrâneas e pouco transparentes, como aconteceu com os SWAPS. Parece que os escândalos financeiros desde o BPP; BPN, BES a outros todos estes suportados com dinheiros públicos, acresce o Novo Banco, não esquecer que os juros da dívida é quase tanto como o orçamento do nosso SNS.
No balanço que fazemos esta semana da legislatura, sem termos qualquer deputado pelo círculo da Guarda, apresentámos mais iniciativas que os partidos que têm deputados o PSD e PS. Espero que a comunicação social local e regional não omita esta verdade, como fazem os meios de comunicação social detidos pelo grande capital e os controlados pelo governo PSD/CDS. Não venham com argumentos dos círculos uninominais e de um patamar de “nata de senadores”. Precisamos de mais deputados comprometidos com as populações, quem está cá ao longo dos quatro anos da legislatura e anda sempre nas lutas dos trabalhadores e das populações, seja na defesa do património mundial do Côa, seja na defesa da extensão de saúde, do posto do correio, do posto da GNR, contra as portagens, pela discriminação positiva de todos, aqui todos, são trabalhadores e empresas, necessitamos de uma política de apoio ao investimento, como a eletricidade e o gás mais barato.
Não podemos estar amarrados à mesma política de direita. Importa frisar que o PS mesmo na «oposição», nesta Legislatura, votou a favor da maior parte das propostas do Governo PSD/CDS. Em contraponto votou contra à esmagadora maioria das nossas propostas na AR.
Agita o medo da direita como se não soubesse – e sabe – que o PSD/CDS está condenado a uma pesada derrota eleitoral graças à ação daqueles – o PCP e a CDU – que acusa de só terem andado no protesto. Andaram, de facto, no protesto e na luta contra a política de direita, onde o PS não se viu. Mas construíram, também com o contributo de muitos democratas e patriotas, uma real alternativa com soluções para o país.
Por: Honorato Robalo
* Dirigente da Organização Regional da Guarda do PCP