A fábrica de Vila Cortês do Mondego (Guarda) da Dura Automotive Portuguesa vai dispensar 21 dos seus 170 trabalhadores. A falta de encomendas, motivada pela «crise» do sector, é a razão apontada pela empresa de componentes para a indústria automóvel para esta medida. No entanto, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM) acusa a administração de ter dispensado vários operários que estavam perto de entrar nos quadros.
Sandra Sousa, representante do sindicato na fábrica, explica que a justificação dada pela administração foi a de que «os pedidos dos clientes baixaram» e «não há trabalho, isso é visível aos olhos de qualquer um», reconhece. A dirigente sindical explica que 11 funcionários receberam a carta de despedimento no início do mês passado, enquanto que na última semana mais 10 ficaram a saber que os seus contratos não seriam renovados. Os primeiros dispensados foram dos «últimos a entrar na empresa», daí que tenham contratos de trabalho «a termo incerto», tendo a Dura assegurado que «voltariam a ser chamados caso surja a oportunidade», adiantou. Esta foi a «única condição» que a Comissão de Trabalhadores impôs à empresa na altura, isto «olhando à situação que se está a viver e em que há uma quebra nos pedidos», admite. As más notícias não ficaram por aqui, já que no passado 28 de Outubro a administração anunciou que o despedimento de 11 trabalhadores «não seria suficiente» e que «teriam que despedir mais 10».
Só que desta vez, «começou a despedir trabalhadores que já estavam na fábrica há mais tempo», sendo que «muitos deles» completavam cinco anos de casa em 2009, o que lhes daria acesso ao quadro da Dura. Por isso, o STIMM considera que a multinacional norte-americana «não agiu correctamente» e alega desconhecer «até que ponto é que a empresa está a ser sincera quanto ao futuro», refere, assegurando que o sindicato vai fazer o que estiver ao seu alcance para que estes trabalhadores não sejam despedidos: «Achamos que é uma grande injustiça, pois serviram-se deles enquanto foram jovens e agora estão a tentar livrar-se deles», lamenta. De resto, Sandra Sousa receia que haja mais despedimentos nos próximos meses, até porque a administração já disse que «ainda há trabalhadores a mais na empresa, embora haja a promessa de que a Dura fará os possíveis para os manter».
Dos 21 trabalhadores em causa, 11 terminam contrato no fim deste mês e os restantes no final de Dezembro. Mantêm-se «ao serviço da empresa» até ao final dos contratos, continuando a receber o ordenado apesar de «estarem em casa». Recorde-se que, em Março deste ano, O INTERIOR noticiou que a sede da Dura nos Estados Unidos tinha solicitado ao tribunal protecção contra credores, após mais de 1.300 milhões de dólares de dívidas vencidas.
Ricardo Cordeiro