O presidente da Associação dos Amigos da Amendoeira (AAA) alertou esta semana que a classificação de Património da Humanidade pode ser retirada ao Douro Vinhateiro pela UNESCO dada a falta de árvores nas bordaduras das vinhas. Joaquim Grácio disse que esta preocupação vai ser comunicada ao ministro da Agricultura, Sevinate Pinto, a quem pretende sugerir a plantação de amendoeiras, espécie que considera ter sido «sempre marginalizada».
A apreensão consta de uma carta-aberta que vai ser enviada à tutela e foi subscrita pelos fundadores da COAMÊNDOA – Cooperativa Agrícola de Produtores de Frutos de Casca Rija, entidade com sede em Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) recentemente constituída, envolvendo mais de meia centena de produtores dos concelhos de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo (distrito da Guarda), Moncorvo, Alfandega da Fé (distrito de Bragança) e São João da Pesqueira (distrito de Viseu). No documento, a que “O Interior” teve acesso, pode ler-se que «é lamentável que no Parcelário Agrícola Nacional (P1) a amendoeira seja marginalizada, enquanto que o olival é citado 21 vezes e a bananeira também está incluída, quando esta cultura nem sequer é tradicional em Portugal». Os produtores consideram ainda que o Estado, ao atribuir uma ajuda de 120,75 euros por hectare para o sector da amêndoa, «mais não faz do que dar o que recebe da União Europeia» e recordam que o nosso país já produziu cerca de 30 mil toneladas de amêndoa em casca, mas que agora apenas produz «o máximo de 12 mil, numa Europa deficitária deste produto». Em contrapartida, apontam para o exemplo espanhol, onde os produtores estão a ser apoiados por cerca de 200 técnicos, «o que permite manterem o sector em crescimento, produzindo cerca de 70 mil toneladas de miolo quando, há 15 anos, não passavam das 40 mil».
Por outro lado, sublinham que o amendoal, devidamente tratado, pode ser contra-fogo em época de incêndios florestais, e apelam aos autarcas para que, a exemplo do Presidente da República, Jorge Sampaio, incentivem os produtores a organizarem-se criando, paralelamente, um Gabinete Intermunicipal de Apoio aos Produtores de Amêndoa. Joaquim Grácio anunciou que este ano produtores de amêndoa do concelho de Foz Côa vão candidatar-se ao plantio de 120 hectares daquela cultura. Actualmente, no concelho existem perto de três mil hectares, «a maioria abandonados devido à falta de rentabilidade económica, à emigração e envelhecimento da população e falta de incentivos ao sector», sublinhou.