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Dois anos já passaram e…

Crónica Política

Passados já dois anos e tão pouco ainda foi feito por este executivo… Na verdade, há coisas boas que a cidade viu ser devolvidas, o orgulho, a vivacidade, projetos que foram saindo da gaveta e que há muito eram necessários. Esperamos tanto tempo pela mudança que fomos a cada dia criando mais e mais expectativas, pois era isso que se esperava de quem vinha mudar a cidade.

Creio que, muito pela incompetência dos sucessivos executivos anteriores, a Guarda foi-se habituando a pouco, a muito pouco, mas este executivo venceu com um programa de compromissos muito ousado e que fazia prever uma mudança não só radical na forma, mas também num empreendedorismo tendente a um crescimento mais rápido capaz de fortalecer os sistemas debilitados conducentes à criação de emprego… Vejamos “call center”, já não era novidade, tivemos antes, 2009 a 2013, o centro de suporte a clientes e negócios da Adecco, que pretendia criar 250 postos de trabalho e não criou nem um único posto de trabalho… Aproveitaram-se as obras, carregaram-se mais 170 ou 180 mil euros para nova adaptação e temos agora o “call center” da Altice com expectativa de gerar um número mais comedido de postos de trabalho, apenas 180, mas na verdade ainda não gerou um único… pois de formação em formação, andam os desempregados inscritos no IEFP apenas a dar voltas… Senhor presidente, mão firme nestes protocolos assinados, falta pouco para lhe exigimos os números do emprego gerado, já que o criado resulta de “concursitos”, armados em muito sérios, para meter a gente que irá daqui a dois anos fazer a campanha.

Em 2009 já o anterior autarca, Joaquim Valente, elegia o emprego como prioridade para a Guarda para que nenhum cidadão tivesse que sair do concelho na procura de emprego e afirmava que no centro dessa estratégia estava a PLIE e reafirmava que havia já duas dezenas de operadores interessados… Era também tudo em grande! Nesta dinâmica, em 2010, Joaquim Valente anunciava um processo de facilitar a aquisição de lotes de terreno a empresas que se quisessem instalar na PLIE, estes poderiam ser pagos em prestações. Pouca coisa parece ter mudado… Voltados estes anos estamos na mesma! Mais comedidos, mas com a mesma estratégia… Altera-se a forma de atração, baixando o preço do metro quadrado, anunciam-se operadores interessados, em novembro de 2014, eram já 7 empresas que iriam gerar 30 postos de trabalho, depois em abril deste ano, anunciam-se 10 novas empresas com capacidade para gerar 82 postos de trabalho. Aceitando que o senhor presidente é um bom economista, esclareça apenas estes números anunciados em anos diferentes: as 7 empresas de 2014 somam-se às 10 empresas de 2015? Ou subtraem-se as 7 já anunciadas em 2014? Melhor, de 2014 a 2015 temos apenas mais 3 novas empresas interessadas nos preços mais baixos dos lotes de terreno da PLIE? Ou por outro lado… As 10 empresas anunciadas em 2015 são novas em relação às 7 empresas anunciadas em 2014, e que neste espaço temporal abandonaram a iniciativa?

São números, é certo, mas a Guarda necessita saber, pois, como tem vindo a evidenciar, há já pouca credibilidade nos avanços e recuos que são revelados em relação à situação da PLIE. Recuando no tempo e contextualizando, a PLIE foi iniciada em 2002, por iniciativa da Câmara da Guarda, representou um investimento de 34 milhões de euros e disponibiliza 196 lotes num total de 96ha, porém apenas mais ou menos 15 por cento da área da PLIE esteja a ser ocupada.

Senhor presidente, em 2013 disse em entrevista à Lusa, que também dirá ao Governo que «é preciso olhar» para a Guarda, «porque oferece condições fantásticas» e tem «uma plataforma logística que está a meio gás». Já agora, passados estes dois anos, o que lhes disse? É que o contexto agora parece mudar e vai deixar de ter uma maioria, um governo e um presidente, a mudança nesta tríade parece deixar de lhe ser proactiva para o tanto que lhe falta!… Será por isso que no seu discurso de comemoração de 2 anos de mandato veio, entre linhas, invocar que não sabe se se recandidata em 2017? Tem receio de agarrar a Guarda, ou esta apenas lhe está a servir de trampolim para o que sempre almejou? A cidade onde paga a sua contribuição autárquica?

Senhor presidente, o importante não é convencer com grandes palavras, é surpreender com fortes atitudes.

Por: Cláudia Teixeira

* Militante do CDS-PP

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