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Dodot

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Uma deselegância da idade é a incontinência. Não me seguro! Dizem alguns. Uma desdita, um desconsolo, perder urinas ou fezes. Uma mulher, após o parto, pode ter uma destas desventuras, quando não ambas. Assim, se as jovens se informam muito já não desejam a gravidez. Outras querem cesariana. O mal é que nem só de parto vive a incontinência e por vezes os tecidos criam laxidão e começa um pingo aqui e ali. Com eles acontece igual. Uns usam dodot. Muitos são operados após longos meses de espera e muitos anos de indecisão do próprio. Vou ao médico? Não vou? A dodot tem esta característica fantástica de permitir vida social a quem não se contém. A invenção das fraldas descartáveis foi uma maravilha mas construiu pirâmides de novo lixo. O lixo que os homens criam com seus objetos de conforto. Recentemente as pirâmides são de cápsulas de café. Antes eram as garrafas plásticas. Para cada desafio surge uma solução que desperta novos problemas que obrigam a novas ideias. Criamos pilhas e evitamos a gasolina, mas temos de recuperar as pilhas para evitar mais poluentes. Temos de as carregar depressa ou ganha de novo a gasolina. A dodot salvou a incontinência, mas agora operamos muitas incontinências urinárias para não usar dodots. A nossa existência é um jogo de desafios. Mas dodots superfinas são úteis nos festivais de música, são solução para longas idas a museus se sofre de bexiga pequena, ou da próstata. Em 1951, uma americana chamada Marion Donovan (1917-1998) inventou a fralda descartável. Devemos muito a esta mulher.

Por: Diogo Cabrita

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