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Documentos desaparecem após assalto à Câmara de Celorico da Beira

Assaltantes arrombaram cofre-forte de onde levaram ainda uma quantia de dinheiro não apurada e uma pistola afecta ao presidente

Vários documentos de obras e financeiros, bem como uma quantia de dinheiro ainda por apurar, foram furtados, na madrugada de terça-feira, da Câmara de Celorico da Beira, cujo cofre-forte foi arrombado. As autoridades já estão a investigar este assalto com contornos estranhos.

«Não é muito comum deixarem-se para trás equipamentos informáticos, como portáteis, e audiovisuais. Só foram levados documentos de interesse para alguém», adianta o presidente do município, que convocou uma conferência de imprensa para relatar o sucedido. Para o socialista José Monteiro, recém-eleito para um segundo mandato, «quem fez isto sabia onde devia ir, porque dá a ideia que levar objectos de valor não terá sido o objectivo deste assalto, eram outras coisas». O edil acredita que o roubo foi «bem estudado e premeditado», uma vez que os gabinetes do presidente, dos vereadores e das diferentes secções, com destaque para a Tesouraria, foram visitados pelos ladrões. Ao que tudo indica, os assaltantes terão entrado por uma das janelas laterais do edifício, situado na rua principal da vila, e sabiam que os Paços do Concelho não têm equipamento de alarme ou de videovigilância, situação que vai mudar doravante.

«Até foi encontrado um saco de plástico carregado de chaves de todos os equipamentos municipais, como as piscinas e os Paços do Concelho, chaves que já pertenceram à Câmara», acrescentou. Entretanto, cada secção foi encarregue de fazer um levantamento para se saber que documentos foram levados. «Talvez sejam papéis que possam comprometer a situação de alguém, nós é que não será com certeza», afirmou, insistindo que um dos gabinetes «“mais visitados”» foi a Tesouraria. Já na secção de Obras, os assaltantes até terão tido tempo para «tomar um café». Do cofre-forte, além de documentação diversa, foi ainda levada uma pistola que «faz parte parte do espólio do presidente», revelou José Monteiro, que disse estar a ser ponderada «seriamente» a instalação de um sistema de videovigilância nos Paços do Concelho.

Confrontado sobre possíveis ligações deste assalto com os recentes processos judiciais a antigos autarcas e funcionários da autarquia, o edil escusou-se a fazer essa análise. Há 15 dias, a PJ da Guarda anunciou ter constituído arguidas 10 pessoas por suspeita de peculato, nomeadamente directores de serviços e antigos vereadores da Câmara de Celorico da Beira no mandato em que Júlio Santos deixou a presidência da autarquia acusado de peculato, corrupção e branqueamento de capitais, em 2001 e 2002. Entre eles está António Caetano, antecessor de José Monteiro na presidência da Câmara, e o seu actual vice-presidente, José Luís Cabral. O caso estará relacionado com «pagamentos indevidos de ajudas de custo», nomeadamente deslocações ao estrangeiro. Em meados de Dezembro passado, António Caetano já tinha sido indiciado pela Judiciária pelo mesmo crime. O caso terá alegadamente a ver com situações e negócios denunciados por particulares e a própria autarquia que terão ocorrido na empresa municipal de Celorico da Beira (EMCEL) e na Câmara durante o seu mandato, entre 2002 e 2005.

Luis Martins «Só foram levados documentos de interesse para alguém», afirma o presidente do município

Documentos desaparecem após assalto à Câmara
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